Os militares, ao lutarem pela defesa dos Direitos Humanos, estão a lutar pelos valores cristãos, defende capelão do Vicariato Castrense em Ponta Delgada

O primeiro `Diálogo no tempo´ sobre a Esperança foi até ao Museu Militar dos Açores, para falar sobre a Paz

Foto: Igreja Açores/CR

A evolução semântica do conceito de guerra e de paz no que respeita à atividade das Forças Armadas e a concretização no terreno daquilo que é a defesa dos Direitos Humanos foi o périplo proposto pelos dois oradores do primeiro `Diálogo no Tempo´ sobre a Esperança, que se realizou esta noite no Museu Militar dos Açores, em Ponta Delgada.

A iniciativa, promovida pelo Instituto Católico de Cultura em articulação com o Vicariato Castrense de Ponta Delgada e a colaboração do Museu Militar dos Açores, juntou o capitão João Fonseca e o Sargento-ajudante Augusto Damásio numa sessão em que ambos refletiram sobre a construção da paz em cenários de guerra, uma missão prioritária das Forças Armadas portuguesas que integram várias missões da ONU, espalhadas pelo Mundo.

Os oradores desenvolveram os conceitos de guerra e de paz ao longo da história para sublinhar a transformação das motivações que hoje consubstanciam a atuação das Forças Armadas Portuguesas, cuja missão fundamental é defender a paz e agir para que ela aconteça, integrando várias missões , uma delas na República Centro Africana, onde um dos oradores esteve em missão durante um ano, cuja finalidade era a protecção das populações da ameaça de grupos terroristas, o desarmamento desses grupos, o auxilio às populações através do fornecimento  de bens essenciais ou ainda a ajuda à construção de escolas e de hospitais em zonas massacradas pela guerra.

Aliás, um dos oradores recordou o texto do Papa Paulo VI nas Nações Unidas, em outubro de 1965, quando o mundo se encontrava em plena guerra fria e a ameaça do nuclear era grande. Na ocasião, o Papa, o primeiro a viajar para fora do Vaticano, sublinhou que não haveria paz sem desenvolvimento.

“A defesa dos Direitos Humanos e da vida humana é a defesa dos valores cristãos” disse, por seu lado o moderador da sessão, o capelão militar padre Bruno Espínola que também esteve durante um mês na missão de paz na Republica Centro Africana, em 2020.

“Este cunho pessoal de levar esta esperança, seja no auxilio as populações, seja no desarmamento de grupos terroristas seja na criação de escolas para o ensino em zonas devastadas por conflitos intermináveis não tem nada a ver com uma visão militarista e é o que as Forças Armadas fazem hoje em Portugal”, referiu ainda.

Esta foi a primeira de uma série de Diálogos no tempo que a Diocese de Angra promoverá em espaços não ligados ao culto procurando ser uma ìgreja em saída´.

“O programa jubilar é o de uma igreja em saída, como diz o Papa, presente nas realidades do mundo atual. Por isso, teremos em cada mês e nas diferentes ilhas conferências, tertúlias, mesas redondas que debatam temas atuais, temas que tenham sempre presente a esperança” afirmou por seu lado o diretor do Instituto Católico de Cultura, entidade promotora desta iniciativa concreta do programa jubilar.

“Nesta noite jubilar, todos estamos na mesma viagem: com ondas alterosas de desesperança teórica e concreta, com nuvens escuras de guerra. Mas nós, homens de boa vontade, cristãos, queremos trabalhar afincadamente pela paz, pela esperança da paz, para que os nossos açores e a nossa diocese seja um farol de esperança” afirmou Monsenhor José Constância citando o bispo de Angra, que também se juntou à iniciativa com a sua presença tal como o brigadeiro General Silva Ferreira, Comandante da Zona Militar dos Açores.

Foto: Igreja Açores/CR

A sessão, acolhida desde a primeira hora pelo Museu Militar dos Açores, que disponibilizou todos os recursos para a sua realização, terminou com um apontamento musical a dois tempos, com um jovem, David, a cantar o tema Estrela, interpretado por Carminho na JMJ de Lisboa- Tu és a estrela que guia o meu coração|Tu és a estrela que iluminou meu chão|És o sinal de que eu conduzo o destino|Tu és a estrela e eu sou o peregrino- e o próprio capelão a interpretar uma música da sua autoria dedicada à ilha onde nasceu, a Graciosa.

Estes momentos, abertos a crentes e não crentes, destinam- se a conhecer, aprofundar e discernir sobre as razões da Esperança cristã, a partir dos sinais dos tempos que nos revelam uma humanidade ferida e faminta de amor, que procura um sentido para a vida, propondo o encontro com Cristo, através do diálogo, do debate e do aprofundamento teológico, respeitando sempre a liberdade individual de cada um.

Em fevereiro vão realizar-se dois momentos desta iniciativa “Diálogos no Tempo”: “A Esperança na doença, na morte e no luto”, no dia 14 de fevereiro, no Hospital do Divino Espírito Santo, às 16h00 e a conferência sobre a “História dos Jubileus nos séculos XVIII e XIX na diocese de Angra”,  no dia 20 de fevereiro, às 20h00, no Cine Teatro da Lagoa.

Em março, no dia 13, a Igreja de São José receberá, pelas 20h00, a tertúlia a “Esperança na parentalidade responsável”.

Os `Diálogos no Tempo´ prosseguem no mês de abril na Ribeira Grande;  em maio no Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Paz ; em junho no Pico, no santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus e em julho será a vez de São Jorge acolher a Aldeia da Esperança. Em setembro, a iniciativa “Diálogos no Tempo” ruma até Angra do Heroísmo, ao Estabelecimento Prisional e em outubro será a vez das Flores acolher a iniciativa. Em novembro está agendada uma conferência na Horta e em Dezembro uma tertúlia no santuário de Nossa Senhora da Conceição.

Todos estes eventos terão entrada livre, à excepção do que se realizará no contexto de reclusão em Angra.

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