D. João Lavrador desafiou os diocesanos a assumirem a condição de “povo pascal”, disponível para a missão
O bispo de Angra presidiu esta noite à Missa da Ceia do Senhor, na catedral diocesana, e desafiou os açorianos a prestarem um serviço “humilde e desprendido aos irmãos”.
Esta é a “missão principal” de uma comunidade evangelizada, em comunhão missionária, disse recordando o tema do ano pastoral na diocese.
“A nossa comunidade diocesana tem a obrigação de descobrir os dinamismos missionários e evangelizadores que se nutrem da Eucaristia”, promovendo “nas comunidades cristãs a consciência de autênticas comunidades missionárias e ministeriais, atentas aos mais pobres e excluídos da dignidade humana”.
Na homilia da Missa da Ceia do Senhor, uma celebração litúrgica que evoca não só a despedida de Jesus antes de morrer como também repete o gesto que, segundo o relato bíblico, Jesus fez aos seus discípulos, lavando-lhes os pés como sinal de disponibilidade e de serviço, D. João Lavrador exortou os cristãos açorianos a serem um “povo pascal”.
“Somos um povo que nasce da Páscoa, se configura a Jesus Cristo na Páscoa e que assume a condição de povo pascal” afirmou o prelado que no momento do Lava-pés lavou os pés a 12 membros da Confraria do Santíssimo Sacramento – 6 homens e seis mulheres-. A inclusão de mulheres é uma possibilidade recente que resulta de uma alteração introduzida ao Missal Romano em 2016 por Francisco, que acabou com a exclusividade deste gesto ser feito apenas a homens e rapazes.
Como ´povo pascal´, diz D. João Lavrador, não resta outra atitude que não seja a de todos os cristãos terem disponibilidade para serem lavadores de pés.
“Não nos resta outra atitude que não seja abandonarmo-nos ao serviço prévio de Cristo que nos lava de todos os egoísmos, egocentrismos, auto-referências, critérios mundanos e opiniões pessoais, para nos entregarmos na verdadeira liberdade, no amor, no serviço e na renovação da mente e do coração que a participação na Páscoa do Senhor nos oferece” disse o responsável pela diocese insular.
E prosseguiu: “Todos aqueles que participam na Ceia Pascal do Senhor, renovada em cada domingo na Eucaristia comunitária, têm a obrigação de olhar para o mundo, para a cultura e para a sociedade e descobrir os rostos desfigurados pela exclusão, pela pobreza, pela fome, pela miséria e pela injustiça e dobrar-se perante as pessoas vitimas de qualquer condição de indignidade para as servir de modo a elevá-la até à condição digna do ser humano”.
À semelhança de Jesus será necessário transformar “aquela que seria tão só uma refeição comemorativa da libertação da opressão do Egipto numa nova Páscoa, que perpetuará a oferta livre e amorosa de Jesus Cristo em redenção por toda a humanidade”. Depois do caminho percorrido até aqui, “de preparação”, adianta o prelado, é “necessário um compromisso de entrega total”.
No final da celebração, o Santíssimo Sacramento (hóstia consagrada que os católicos acreditam ser o próprio Jesus Cristo) foi trasladado para um outro local, desnudando-se então os altares. Ainda nesta quinta-feira, entre as 21h00 e as 24h00 será feita uma Vigília de Oração na Catedral.
Sexta-feira Santa, haverá Ofício de Leituras e laudes, às 11h00 e às 15h00 a celebração da Paixão do Senhor. Este dia está centrado na contemplação da Cruz, como sinal da morte de Cristo; este é um dia alitúrgico, pelo que não há Missa; a principal celebração é, fundamentalmente, uma ampla Liturgia da Palavra, que culmina com a adoração da Cruz e a comunhão eucarística. Às 20h00 haverá Via-sacra e procissão do Senhor Morto, pelas principais ruas à volta da Sé de Angra.
A Vigília Pascal começará às 21h30 de sábado, naquela que é a maior e a mais importante das celebrações da Igreja, uma cerimónia que integra já o calendário da Páscoa. A celebração é composta por quatro liturgias: a da Luz, em sinal de alegria, com a bênção do lume novo e o Círio; a da Palavra, que compreende nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, com o canto do Glória e do Aleluia; a Batismal e a Eucarística. Nesta noite, haverá batismos na Sé, sendo que o bispo batizará uma jovem adulta de 18 anos, catecúmena, que integrou a catequese de adultos desta paróquia depois de ter iniciado a sua formação noutra diocese.
O batismo de adultos não é muito significativo na diocese de Angra registando-se anualmente menos de `meia dúzia´de casos.
A celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor tem lugar às 11h00 de domingo.