Órgão de Tubos da Igreja do Carmo na Horta inaugurado

Reitor da Igreja do Carmo foi homenageado pela “forma determinada e persistente” com que valoriza o património religioso e cultural da Horta e dos Açores

O novo órgão de tubos da Igreja do Carmo, na Horta, foi inaugurado esta noite com um magistral concerto do organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa, professor António Duarte.

O órgão oferecido por um mecenas particular foi um projecto de sempre do Reitor da Igreja do Carmo em nome da “valorização do ambiente espiritual, artístico e estético” da Igreja que, aos poucos,  tem vindo a ser recuperada, primeiro com a recuperação da Capela da Ordem Terceira e depois na recuperação das salas onde está instalado o Museu de Arte Sacra da Horta.

“O padre Marco Luciano Carvalho não sendo natural do Faial assumiu a ilha como sua e foi posto à prova tendo superado as árduas tarefas que o oficio lhe trouxe, desde a reconstrução das igrejas destruídas pelo sismo até à reconstrução da Igreja do Carmo, com a aquisição deste órgão” afirmou Vítor Mourinho.

Por isso, “é lhe devida uma homenagem por todo o esforço desenvolvido, labor, determinação e persistência” referiu o músico na cerimónia de inauguração do órgão que contou ainda com a intervenção do presidente da Camara Municipal, entidade que custeou o transporte deste instrumento desde a Holanda até ao Faial.

“O município felicita o Reitor por mais esta iniciativa, pela forma incansável e empenhada com que procura constantemente valorizar o património da ilha do Faial e da Região Autónoma dos Açores” afirmou Carlos Manuel Ferreira à enorme plateia presente, composta pelas forças vivas da sociedade faialense desde políticos a autoridades civis militares e religiosas.

“julgo que ficamos todos mais ricos” afirmou, por seu lado o sacerdote Marco Luciano Carvalho, visivelmente emocionado por mais esta iniciativa.

“Criar um ambiente celebrativo mais espiritual, mais artístico e estético é o objetivo da aquisição deste órgão e, por outro lado, potenciar a dimensão cultural deste templo, permitindo a divulgação da música de órgão e coralista na ilha do Faial” foram os objetivos identificados pelo sacerdote que é Reitor da Igreja do Carmo, templo que acolhe este novo instrumento e, simultaneamente, ouvidor eclesiástico da Ilha do Faial.

A bênção do órgão foi feita pelo Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes que, na ocasião,  sublinhou o facto deste instrumento estar ao serviço do louvor e da oração.

“A palavra de Deus apresenta-nos um programa, quando nos convoca à misericórdia, à bondade, à humildade, à mansidão e à paciência. São as cinco peças deste concerto que é a nossa vida; essas são as peças do programa que é a nossa existência em Cristo” afirmou o responsável diocesano.

“Cantemos com este instrumento cânticos de gratidão a Deus” disse ainda destacando que “nem sempre conseguimos dizer tudo por palavras e por isso, através da música, encontramos outros modos de glorificar a Deus”.

“Este é um momento de bênção: que este novo órgão seja uma bênção para esta igreja e para esta cidade e invocamos a bênção de Deus para este instrumento para que sirva de suporte às nossas vozes para connosco dizer o que sozinhos não conseguimos” referiu o cónego Hélder Fonseca Mendes.

O órgão de tubos agora instalado na capela é um instrumento totalmente mecânico com um manual e pedaleira. Possui 54 notas no teclado e 30 na pedaleira, além de 8 registos.

A caixa feita em madeira de carvalho, tem nas torretas ornamentos alusivos à história bíblica da Arca de Noé e motivos marítimos da cidade à beira-mar onde se encontrava.

Foi construído pela oficina Vierdag de Enschede (Países Baixos) no ano de 1971/72 para a Igreja protestante «De Ark» (A Arca) construída em 1964 na cidade de Delfzijl, também nos Países Baixos para acompanhamento litúrgico das celebrações e alguns momentos musicais. Tendo a igreja «De Ark» encerrado em 2019, o instrumento foi colocado à venda e adquirido pela Ordem Terceira do Carmo da Horta no início de 2022.

Foi desmontado pela Oficina KIrschner Orgelbau, que o embalou e fez a carga para Esmoriz onde a Oficina e Escola de Organaria de Pedro e Beate Guimarães o limpou, reparou e montou .

No concerto inaugural, António Duarte interpretou sete temas musicais de autores como Carlos Seixas, Nicolaus Bruhns, Dietrich Buxtehude, Johann Gottfried Walther, entre outros.

Natural de Lisboa, António Duarte realizou os seus estudos musicais no Centro de Estudos Gregorianos onde, sob a orientação do Professor Antoine Sibertin-Blanc, concluiu o Curso Superior de Órgão. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian foi aluno da Professora Montserrat Torrent na Classe de Órgão do Conservatório Superior Municipal de Música de Barcelona, dedicando-se sobretudo ao estudo da Música Antiga Ibérica. Gravou para a radiodifusão portuguesa e francesa e efetuou gravações discográficas em órgãos históricos portugueses e espanhóis. Tem realizado concertos e masterclasses em diversos países europeus, no México, Japão e Estados Unidos da América. É professor de Órgão na Escola de Música do Conservatório Nacional e Organista Titular da Sé Patriarcal de Lisboa.

O concerto foi gravado pela RTP Açores para posterior difusão.

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