Olhar e incluir o pobre como irmão é o grande desafio de um cristão, defende bispo de Angra

 

Foto: Igreja Açores/CR

“Que cada um de nós se converta ao irmão”- D. Armando Esteves Domingues

O bispo de Angra desafiou esta manhã os participantes no Encontro Diocesano da Pastoral Social, que se realiza no Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada, a “converterem-se ao irmão”, criando comunidades ativas e solidárias.

“Muitas vezes falamos das coisas mas não estamos nelas… Quantas pessoas com fome conheço e a quantas dou de comer? Quantos sem abrigo conheço e sei o nome e convido para tomar um café? Quantos irmãos se esgotam sozinhos sem que nós lhes cheguemos perto” interpelou o bispo de Angra.

No encontro, organizado pelo Serviço Diocesano da Pastoral Social da diocese de Angra, e que conta com cerca de meia centena de participantes, num formato presencial e on-line, com participações das  ilhas Graciosa,  Terceira e Flores, D. Armando Esteves Domingues lembrou que a Igreja tem “um património e uma mensagem inigualáveis”, mas ninguém “consegue agir e resolver os problemas sozinho”.

“É em rede que temos de trabalhar, com técnicos e instituições que estão no terreno, mas se não houver voluntários cristãos que se associem ás redes existentes, o irmão continuará a sofrer e sem respostas que lhe devolvam a dignidade da sua condição humana”, afirmou o prelado insular ao interpelar os agentes de pastoral presentes neste encontro a colocar o património doutrinal de Jesus- “a única doutrina capaz de transformar o mundo”- ao serviço dos irmãos.

“Que cada um de nós se converta ao Irmão” afirmou.

Na sessão de abertura a responsável pela Pastoral Social, Piedade Lalanda, pediu uma igreja mais inclusiva que não deixe de olhar para os pobres e excluídos e os integre como irmãos.

“Cada comunidade paroquial tem que se organizar no sentido da atenção aos pobres, aos excluídos, aos esquecidos e abandonados porque a Igreja tem de ter a porta aberta a todos, em especial a estas pessoas”.

A responsável lembrou o papel do voluntariado na pastoral social  e identificou  “uma falta de cultura de voluntariado” na sociedade portuguesa e nas comunidades cristãs em particular, recuperando alguns números que revelam que apenas 5,5% da população portuguesa assume estar envolvida em ações de voluntariado, contra um média europeia que abeira os 20%.

“Sei quem é Deus, sei quem sou mas muitas vezes não sei nem consigo identificar o meu próximo”, concluiu.

O Encontro Diocesano da Pastoral Social é o corolário da atuação deste serviço diocesano que, em 2021, lançou um guião com orientações gerais para organizar e incentivar a “criação ou ativação” de uma pastoral de proximidade nas comunidades paroquiais.

“Os seis passos a dar na criação deste serviço paroquial visam desempenhar um papel evangelizador, ecuménico e integrador das diferentes expressões religiosas que possam existir na comunidade local e contribuir para um processo de inclusão social das periferias”, explicava na altura o Serviço Diocesano da Pastoral Social.

O guião procurou incentivar a formação de grupos de cristãos empenhados “em ver, julgar e agir” para proporcionar linhas para “o acolhimento de pessoas e famílias em situação de dificuldade”, e perceber quais são as “desigualdades e injustiças” para as necessidades identificadas.

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