Conselho Pastoral da Família da diocese de Angra reuniu esta noite pela primeira vez, com a participação de representantes da pastoral familiar territorial e dos movimentos da família. D. Armando Esteves quer que a família seja a “grande opção pastoral”
O bispo de Angra desafiou esta noite os agentes da pastoral familiar diocesana a iniciarem projectos piloto ao nível das paróquias, em todas as ouvidorias, que tenham em conta todas as dimensões da formação catecumenal de forma a criar verdadeiros discípulos.
“O que proponho é que se faça uma reflexão para ver, por exemplo, se a catequese está a fazer adultos discípulos ou se se limita a uma série de festas, porque julgo que este é o grande drama da Igreja: estamos a dar sacramentos mas não criamos discípulos” disse D. Armando Esteves Domingues aos membros do Conselho Pastoral da Família que reuniu esta noite pela primeira vez, por zoom, permitindo assim a participação de representantes da pastoral familiar- pastoral territorial e movimentos- de Santa Maria ao Corvo, incluindo representantes dos principais movimentos ligados à família como o Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM); Equipas de Nossa Senhora; Encontros Matrimoniais e Movimento Esperança e Vida.
A partir dos Itinerários Catecumenais emanados do último encontro mundial de Famílias, em Roma, no ano passado, o prelado diocesano invocou alguns exemplos ainda enquanto pároco para sublinhar que a “tarefa é difícil mas não é impossível”.
“Pressupõe uma prioridade dada à pastoral familiar” que passará por : “apostar na formação”, criação de “projectos pilotos concretos” e evitar cair na tentação de “ter a mesma resposta formatada para situações diferentes”, disse D. Armando Esteves Domingues.
“A pastoral familiar é transversal, comunitária, sinodal e continua; toca todas as pastorais e o que nós precisamos de fazer é garantir o respeito pela individualidade de cada situação concreta sem perder de vista a comunidade”.
“Olhar a pastoral de uma paróquia a partir do óculo da família é olhar para o essencial dessa comunidade” afirmou D. Armando Esteves Domingues que defendeu a “proximidade” como a “melhor resposta da Igreja”.
“Ter a capacidade de pequenos momentos e pequenos gestos para chegar às pessoas; mais do que estruturas são precisos links de proximidade, especialmente às famílias, olhando para a situação concreta de cada uma delas e ensaiando respostas adequadas à sua realidade”, procurando criar “discípulos”.
“Os itinerários não são um percurso fácil; existem vários agentes e na cadeia deste itinerário por vezes a Igreja é a ultima”, salientou ainda o prelado expressando a vontade de, já este ano, se poder avançar na criação de pequenas equipas que abracem as várias etapas destes itinerários catecumenais que tocam o batismo, a catequese, o matrimónio e o essencial da vida cristã que é a família.
Nos Açores a pastoral familiar, nos últimos 10 anos, tem procurado sedimentar-se territorialmente através da escolha de casais em cada uma das 165 paróquias açorianas, que fazem a ponte com a ouvidoria respetiva e as ouvidorias com a equipa diocesana. Paralelamente, existem movimentos ligados à família como as Equipas de Nossa Senhora (Terceira e São Miguel, com um total de 30 equipas, duas delas em pilotagem); os Centros de Preparação para o Matrimónio (São Miguel, Terceira e Faial); os Encontros Matrimoniais (São Miguel, Graciosa e São Jorge) e Movimento Esperança e Vida (São Miguel). Todos estes movimentos padecem de constrangimentos impostos pela geografia e pela realidade da família.
O Centro de Preparação para o matrimónio, por exemplo, hoje, tem como alvo principal casais que já vivem juntos (80%), alguns em união de facto, muitos deles com filhos e, por isso, a resposta que a Igreja dá pode não ser a que eles realmente precisam.
“É preciso que nos perguntemos onde está a família e se ela está no batismo, no casamento e na catequese é lá que temos de intervir e aferir se nestes momentos conseguiremos fazer discípulos, que possam estar disponíveis para a missão”.
Os Itinerários Catecumenais pressupõem a existência de três grandes fases de evangelização: a fase pré- catecumenal, destinada à infância e juventude; o tempo intermédio, com o retiro de entrada no catecumenado e a fase catecumenal, com três etapas.
“Estas fases estão todas interligadas e não as podemos separar” disse ainda o bispo de Angra que afirmou querer “colocar a família como grande opção pastoral”.
Ana Dias, membro do casal responsável pelo Serviço Diocesano da Pastoral Familiar recordou que estas novas orientações para a família “não são um fato pré costurado” mas sim propostas que possam ser delineadas á medida de cada realidade concreta.
“Devemos entusiasmar-nos com este itinerário: Batismo, Catequese e Família- e procurar maior unidade. Já muito foi feito mas ainda há muito a fazer e a criar” disse Monsenhor José Constância assistente da pastoral familiar.
“O que importa agora é dar um salto de qualidade”, disse ainda.
“Alegremo-nos por este primeiro encontro; não é um ponto de chegada mas já chegámos até aqui com a pastoral familiar espalhada no território”.
Este primeiro encontro contou com a participação de praticamente todas as ouvidorias e realizou-se no âmbito da Semana da Vida, que termina no próximo domingo.