Por Renato Moura
“Se hoje estou aqui, se me tornei católica, é graças ao Movimento Escutista. Eu fui acolhida por este movimento, apesar de não ser cristã, porque era muçulmana (…) fui acolhida por uma família cristã (…) pouco a pouco, comecei a amar o próprio Cristo, sem que me tivesse apercebido”, é a reprodução de uma declaração à Agência Ecclesia, da jovem Henriette Camara, da Guiné-Conacri, que representa o Movimento Escutista no Sínodo dos Bispos, no Vaticano.
Só é um dos exemplos que patenteiam a capacidade do escutismo e o valor que pode ter a integração sem discriminação, que poderá contribuir para uma reflexão, principalmente neste momento em que se inicia um novo ano de actividade escutista e de catequese.
Manifestamente está demonstrado, pela experiência, que quer no escutismo quer na catequese – ambos actividades relevantes para a educação – não produz efeitos apenas obrigar a empinar fórmulas e obter conhecimentos abstractos, mas é muito mais importante transmitir testemunho, ajudar as crianças e os jovens a encontrar a ligação aos outros e a Deus. Com a iluminação do Espírito há que tornar compreensível o Evangelho, há que ajudar a descobrir como era, pensava e agia Jesus, ou seja, procurando interpretar S. Paulo na sua epístola aos Efésios, fortificar para que Cristo habite pela fé nos corações e nasça naturalmente a atracção e a adesão à proposta cristã.
Percebe-se facilmente que nas actividades escutistas e também na catequese, depois duma semana de aulas sentados a ouvir lições, já não haja paciência para um ensino em moldes semelhantes e é preciso tirar daí as devidas consequências. É indispensável criar, ou pelo menos aperfeiçoar, nos chefes escuteiros e nos catequistas, uma mudança de mentalidade, maior abertura ao diálogo e uma maior envolvência. Os ensinamentos têm de resultar de métodos e actividades criativas e atractivas, pois que quando ser escuteiro ou catequizando se tornar numa obrigação, acontece o abandono, ou, se não, o desinteresse que conduz a uma completa falta de aproveitamento, a qual, a prazo, conduz à revolta.
Para bom chefe escutista, ou bom catequista, exige-se muita qualificação. Mas a educação é, antes de mais, um dever das famílias. Antes dos compromissos das crianças estiveram os dos pais, que os entregaram aos cuidados da colaboração de outros; mas nem por isso se ilibaram dos deveres de continuar a assegurar acompanhamento, diálogo, interesse, cooperação e exemplo.
Abandonar ou discriminar – adultos, mas especialmente crianças e jovens – rima com errar.