“O Santuário não é uma casa de negócios porque não se fazem negócios com Deus”, afirma Cónego António Manuel Saldanha

As festas deste ano nio Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, no Pico, arrancaram este sábado com o inicio do novenário sobre o tema “Senhor, ensina-nos a orar”

A festa do Senhor Bom Jesus Milagroso começou esta tarde em São Mateus, no Pico, com a mudança da Imagem presidida pelo cónego da basílica papal de Santa Maria Maior, monsenhor António Manuel Saldanha, que desafiou os peregrinos a não fazerem do Santuário uma “casa de negócios” mas sim um ponto de viragem para uma “vida centrada em Deus”.

“Que este Santuário não seja nunca um ponto de chegada, onde se cumprem promessas e se viram páginas da vida. O Santuário não é uma casa de comércio nem de negócios, porque não se faz comércio nem negócios com Deus” afirmou o sacerdote que assim pregou o primeiro dia do novenário.

“Vir aqui tem que ser para se transformar esta vinda num ponto de partida para uma vida nova; para estarmos completamente convencidos que algo de novo e de grande acontece em Cristo” enfatizou recordando que Deus não precisa de agradecimentos mas de quem “ O siga, Nele acredite e Lhe obedeça”.

Por estes dias centenas de peregrinos passarão pelo Santuário em ação de graças, percorrendo a ilha montanha a pé para ali rezarem agradecendo e renovando o pedido de intercessão ao Senhor.

“Isso é bom, mas não chega” referiu o sacerdote.

A partir da liturgia proclamada, o cónego António Manuel Saldanha desafiou ainda os peregrinos a “rasgarem o coração à presença salvífica de Jesus”, destacando que “tudo o que é grande na história da humanidade em caridade, em bem, em generosidade começa com pouco, e começa no coração e na mente dos pobres”.

“A Deus não são necessárias as capacidades humanas, nem os grandes projectos mas grandes paixões por Ele e pelo próximo”, afirmou.

O sacerdote apelou, por isso, à partilha e à fraternidade.

“A partilha  sem calculismo, sem despique mesquinho, sem espírito comercialista é porventura a grande lição do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes” afirmou o sacerdote, lembrando que o culto a Deus não se esgota numa Igreja, mas na vida diária de cada um.

“O culto a Deus não se esgota numa igreja, mas dentro da vida de cada um de nós” disse ainda lembrando a constante e insaciável “fome de Deus”.

A festa do senhor Bom Jesus Milagroso será presidida pelo bispo de Angra, entre os dias 5 e 7 de agosto. Já os restantes dias do novenário estarão a cargo do cónego Adriano Borges, pároco da Matriz de São Sebastião, em Ponta  Delgada.

Até ao final da festa, o Santuário estará aberto até à meia noite e a partir de segunda-feira haverá equipas dos Bombeiros da Madalena no apoio aos peregrinos, na estrada,  entre os Mistérios de Santa Luzia e de São João.

“Olhos nos olhos, corações a coração aproveitemos as festas”,  apelou o reitor do Santuário, padre Marco Martinho.

A festa tem como tema “Senhor, ensina-nos a orar” e são esperados centenas de peregrinos, que habitualmente percorrem a ilha do Pico a pé até ao Santuário.

No dia 4 de agosto será inaugura a Casa do Bom Jesus, um espaço museológico que encerra o património móvel relacionado com este culto.

O santuário do Senhor Bom Jesus do Pico foi criado por decreto Episcopal de D. Manuel Afonso Carvalho de 1 de julho de 1962.

As festas do Senhor Bom Jesus Milagroso são uma das mais emblemáticas manifestações religiosas desta Igreja local e do Arquipélago dos Açores.

A festa remonta a 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus,  que desencadeou logo uma invulgar atração e uma forte piedade que contagiava as almas.

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