Foi o único papa a visitar os Açores. Esteve um dia repartido entre as ilhas Terceira e São Miguel. João Paulo II é hoje lembrado por milhares de açorianos.
A canonização do Papa João Paulo II (tal como a de joão XXIII), este domingo, é vista nos Açores como uma bênção: o reconhecimento da santidade do único pastor da igreja universal a pisar solo açoriano.
João Paulo II, conhecido pelas suas inúmeras viagens esteve nos Açores a 11 de maio de 1991, durante a segunda visita que realizou a Portugal (num total de três) tendo sempre como destino final o Santuário de Fátima.
As poucas horas que esteve nos Açores foram suficientes para deixar uma marca indelével na Diocese e em toda a comunidade cristã açoriana.
A visita, concertada entre autoridades religiosas e civis, nomeadamente a Diocese de Angra e a Presidência do Governo Regional dos Açores, traduziu-se numa celebração eucarística em Angra do Heroísmo e uma celebração da palavra em Ponta Delgada.
Dois momentos altos que foram vividos pelos fieis destas ilhas com uma enorme intensidade espiritual e uma fé inquebrantável.
Quando se dirigiu aos presentes em Ponta Delgada, ao lado da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que pela primeira e única vez saíu do coro alto do Santuário para a rua sem ser durante as festas em sua honra, João Paulo II exortou os presentes a “escancararem as portas a Cristo” lembrando “quando tiverdes dúvidas de escolher entre o amor, o ódio ou o comodismo, olhai o rosto do Ecce Homo e escolhei como Ele, os caminhos do Amor”.
As homílias do Papa quer em Angra quer em Ponta Delgada, foram acompanhadas por milhares de fieis, numa enchente que a imprensa da altura reporta como “momento histórico”, “único” e “irrepetível” na vida do povo açoriano, crente e não crente, “tal foi a correria de todos que não quiseram faltar à chamada”, noticiavam.
A visita de João Paulo II foi, aliás, um estímulo a um maior compromisso na renovação cristã à luz das orientações do Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-65) em que participou como arcebispo de Cracóvia.
Karol Wojtyla, eleito papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 02 de abril de 2005.
Trabalhou e estudou ao mesmo tempo, viveu a ocupação nazi da Polónia, esteve na quase clandestinidade, mas tornou-se um homem do mundo.
Durante o seu Pontificado que começou em Outubro de 1978 e se estendeu por 27 anos (um dos maiores pontificados da história) fez 146 visitas pastorais em Itália e visitou 317 das atuais 332 paróquias romanas.
Realizou 104 viagens apostólicas pelo mundo, tendo visitado o Santuário de Fátima, em Portugal, por três vezes.
Na sequência do atentado, João Paulo II anunciou a sua primeira visita ao Santuário de Fátima, em maio de 1982, para agradecer “a proteção concedida”.
A visita de quatro dias, em que o papa percorreu o país, acabaria por ficar marcada por um incidente na noite da procissão das velas, em Fátima.
O padre integrista espanhol, Juan Fernandez Maria Khron, de 32 anos, vindo de Paris, tinha o objetivo claro de matar João Paulo II.
Vestido como sacerdote, Khron aproximou-se da comitiva papal empunhado uma baioneta, mas acabaria por ser detido, não sem antes ter gritado “Fim ao comunismo” e “Abaixo o Papa e o Vaticano II”.
Depois disso, João Paulo II visitaria Fátima por mais duas vezes: em maio de 1991 e em maio de 2000, para a beatificação dos pastorinhos de Fátima Francisco e Jacinta Marto.
Na mesma altura, tornou pública a terceira parte do Segredo de Fátima e ofereceu à Virgem o anel com o lema “Totus Tuus” (Todo Teu) que lhe tinha sido oferecido no início do pontificado.
Morreu em Roma a 02 de abril de 2005 e foi beatificado a 01 de maio de 2011 pelo seu sucessor, Bento XVI, que dispensou o período canónico de cinco anos após a morte para iniciar o processo de beatificação e depois a canonização.
Na primeira entrevista que deu após ter renunciado ao pontificado, o papa emérito, Bento XVI, recordou João Paulo II como “um santo”.
Bento XVI recorda ter dito ao Papa polaco que tinha de “descansar”, ao que este lhe respondeu que o podia fazer “no céu”.
Vistas as imagens da visita do sumo pontífice aos Açores, 23 anos depois, “quando era um padre muito jovem penso que toquei num santo”, disse ao Diário Insular o Vigário Geral da Diocese de Angra, Pe Hélder Fonseca Mendes.
“Deus estava ali tão presente sem eu saber, como diria Job, se estivesse no meu lugar. Os encontros pessoais foram breves, na Terceira e em Roma, com grande expectativa e algum nervosismo” acrescentou o sacerdote.
“Hoje, na Sé, cada vez que uso a cadeira onde ele se sentou e falou, no genuflectório onde rezou ou visto a casula que Sua Santidade deixou na Sé, sinto essa presença fresca e gratificante”, conclui Hélder Fonseca Mendes.
O Portal da Diocese publica neste sítio uma série de testemunhos de alguns dos protagonistas que fizeram e acompanharam a visita do Santo Padre aos Açores.
Aqui ficam, igualmente, disponíveis a biografia e algumas curiosidades do pontificado do papa, bem como as homilias proferidas por João Paulo II e as palavras dirigidas ao sumo Pontífice pelo Bispo de Angra D. Aurélio Granada Escudeiro.
JOÃO PAULO II, UM SANTO DO NOSSO TEMPO, Dom António, Bispo de Angra (Clique aqui) »»»
JOÃO PAULO II E O SENHOR SANTO CRISTO DOS MILAGRES, António Costa Santos, Provedor da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em 1991 (Clique aqui) »»»
ELOGIO DA MEMÓRIA, Pe Duarte Espírito Santo Melo, atual pároco de São José (Clique aqui) »»»
O PAPA QUE NÃO TINHA MEDO, Agência Ecclesia/Lusa/CR (Clique aqui) »»»
JOÃO PAULO II: O PEREGRINO DE FÁTIMA, Agência Ecclesia/CR (Clique aqui) »»»
JOÃO PAULO II, PONTIFICADO DE RECORDES E CURIOSIDADES, Agência Ecclesia/Lusa/CR (Clique aqui) »»»
CRONOLOGIA DO PONTIFICADO DE JOÃO PAULO II, 1978-2005, Agência Ecclesia/CR (Clique aqui) »»»