“O Natal híper consumista não é um Natal com Jesus”, afirma assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz

Em entrevista ao Igreja Açores, o Pe. José Júlio Rocha lembra que não há falta de meninos Jesus no presépio mas faltam os valores de Jesus na vida das pessoas

O assistente diocesano da Comissão Justiça e Paz da diocese de Angra afirmou em entrevista ao Igreja Açores que o Natal com Jesus “não é um Natal com coisas” mas “com sentimentos”.

“Não há falta de meninos Jesus no Presépio, mas faltam Jesus e os seus valores, Jesus e a sua mensagem, na vida das pessoas o que também não é grande novidade pois quando Ele nasceu também não havia lugar para Ele”, sublinha o sacerdote.

“Hoje o Natal híper consumista não é um Natal com Jesus, precisamos de cuidar de valores e não de compras”, esclarece ainda o Pe. José Júlio Rocha, num dia em que os cristãos se preparam para celebrar o nascimento de Jesus e o Natal.

A propósito desta quadra marcada por uma maior solidariedade, o Pe. José Júlio Rocha lembra que pobreza nos Açores- “uma pobreza estrutural que não se resolve apenas com dinheiro”- é um “drama”, na região e no mundo.

“Hoje no mundo os políticos não estão a dar atenção devida a este problema e nunca estiveram: os pobres continuam a ser o que sempre foram: as vítimas. E quando falo em pobres falo, sobretudo, dos países pobres que estão cada vez mais pobres havendo desigualdades gritantes” afirma.

E, prossegue: “Depois da queda do muro de Berlim, o capitalismo assumiu a dimensão dogmática de ser quase a única forma económica da governação. E, hoje, o capitalismo cada vez mais desenfreado praticado pelas grandes empresas, seja no âmbito das tecnologias, da energia ou distribuição alimentar, acentuam ainda mais estas dificuldades. Há uma perversidade no geo capitalismo”, conclui desafiando os cristãos a “fazerem a diferença”.

O sacerdote cita o Papa Francisco e destaca que “a paz é um caminho de esperança e quem não tiver esperança não pode honrar o seu batismo”.

“O cristão não pode desistir deste ideal de esperança, de lutar por mais igualdade e mais justiça social. Se calhar temos de nos esforçar mais para conseguir esta justiça”.

A propósito da pobreza no arquipélago dos Açores, o Pe. José Júlio Rocha afirma que os Açores ao contrário do que se possa pensar são uma região em que a geografia determinou algum isolamento e isso fez com que a pobreza seja uma questão de difícil resolução.

“A pobreza nos Açores é uma questão estrutural; há focos de isolamento com séculos e mudar essa pobreza não se faz com dinheiro mas com mudança de mentalidade”.

“Já se fez muito, mas é preciso fazer mais; muita da nossa pobreza é uma pobreza de mentalidade que não se resolve com dinheiro. Não podemos desculpar-nos: muita da pobreza das pessoas resulta do facto de nunca terem sido amadas”.

A entrevista do sacerdote, que é doutor em Teologia Moral e professor de Doutrina Social da Igreja no Seminário de Angra, vai para o ar no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, este domingo dia 29 de Dezembro.

 

 

Scroll to Top