A Família e a educação foi o tema do segundo dia de reflexão dos IV Encontros da Praia, orientado pela professora Zulmira Barcelos
A valorização do sentido de comunidade e da família alargada foi o principal desafio lançado pela professora Zulmira Barcelos no segundo dia de reflexão dos IV Encontros da Praia, uma iniciativa da ouvidoria terceirense, centrada na problemática da família hoje.
“O principal problema de hoje é que as pessoas vivem centradas em si, esquecendo-se que vivem com outras pessoas: o que faço e os que os outros fazem tem consequências(…)Precisamos e vivemos com todos e tudo o que fazemos interfere na vida de alguém” afirmou a professora do ensino básico há 34 anos.
“Enquanto não tivermos consciência de que vivemos em comunidade e que o eu sozinho não vive bem não vamos a lado nenhum” esclareceu lembrando que é necessária a valorização da vida em comunidade a começar no seio da família alargada.
As relações entre pais e filhos, entre avós e netos e entre a escola e família e os papéis que cada um deve assumir nessa relação foram o mote para uma conversa solta, de quase duas horas, entre a docente convidada e a plateia que partilhou várias experiências e exemplos sobre estas temáticas.
“Como são as relações dentro da família? Há tempo de uns para os outros? Como é a relação intergeracional entre pais e filhos, avós e netos?” interpelou a professora ao deixar algumas notas a partir da sua própria experiência como mulher, mãe, professora e outros “tantos papéis que desempenhamos ao longo da nossa vida”.
É no ajuste do papel de cada um, em cada circunstância, que pode estar a chave do problema. E deu como exemplo a relação entre netos e avós, “absolutamente indispensável para o crescimento saudável de uma criança”.
“O avô e a avó quando se tornam educadores, no sentido em que queremos é porque faltam pais, isto é, o papel da educação não é para os avós, é para os pais” pois a “educação dos filhos não pode ser partilhada, mas complementada” sublinhou lembrando que a família alargada e a escola têm um papel fundamental no complemento da educação que deve ser desenvolvida em casa, de forma “assertiva, com regras e normas de conduta”.
“A escola, os avós, a creche, a catequista são complementos formativos nos afectos, na fé, no conhecimento, mas não podem assumir o papel dos pais na educação dos filhos”, concluiu.
A docente falou sobre a questão das novas tecnologias “que são um instrumento de trabalho fundamental desde que entendidas nesse sentido e usadas com regras”; da falta de tempo que hoje os casais têm para acompanhar os filhos “com reflexos na aprendizagem na escola e na sua própria personalidade, pois os meninos não têm paciência, fazem tudo a correr e exigem tudo”; da falta de apoio que existe à família “que tem muita dificuldade em conciliar o trabalho com a atenção aos filhos”, entre outros.
Esta noite realiza-se o último encontro sobre espiritualidade e Família, que será orientado pelo cónego Gregório Rocha, diretor espiritual do Seminário de Angra.
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