O grande desafio da Igreja é fomentar a aproximação a Cristo

A ideia é deixada pelo Bispo Auxiliar de Sacramento, descendente de terceirenses, D. Myron Joseph Cotta

De férias em Portugal, com paragem obrigatória nas ilhas Terceira, de onde eram naturais os seus avós e de São Miguel, D. Myron Cotta, sublinha que o grande desafio da Igreja é explicar “a centralidade e a atualidade da mensagem de Cristo”.

E, para isso “não devemos estar á espera do Vaticano nem do Papa. Cada cristão tem esse dever; todos somos convocados a exercer a nossa missão”, disse ao Sítio Igreja Açores numa entrevista exclusiva, este domingo.

“A igreja deve ser mais interventiva para ter uma voz autorizada, sobretudo neste momento de grande fragilidade social e económica. O Papa é a voz mais importante mas, cada um de nós, tem que fazer a sua parte, não podemos esperar só pelo vaticano, temos o dever de sermos mais ativos neste processo de evangelização”, destaca o Bispo lembrando que “não é só na catequese ou na igreja mas em todo o sítio”.

“Ninguém deve ter medo de dar voz ao Evangelho em todos os momentos da vida, na família, no emprego, na escola, até no convívio social” pois só assim “seremos verdadeiros discípulos”.

“Mais do que seguir cegamente a doutrina temos de ter uma relação intima, próxima e de confiança com Cristo, porque o encontro é a esperança no futuro. Nós, com Cristo, com o dom da graça e misericórdia do Espírito Santo, conseguiremos ultrapassar todas e cada um das dificuldades” avança ainda.

Para D. Myron Joseph Cotta, este é um dos segredos do Papa Francisco.

“A simplicidade com que ele diz as coisas, sempre de forma precisa e objetiva, traz uma nova esperança”, sublinha o prelado de Sacramento que deixa um apelo aos cristãos para “se focarem naquilo que é essencial, deixando de parte os aspetos materiais da vida”.

D. Myron Joseph Cotta é Bispo Auxiliar de Sacramento, há cinco meses, onde habitualmente celebra com o único padre português -Pe Eduíno Silveira- naquela cidade californiana e, depois, de ter servido várias comunidades portuguesas na Califórnia.

Myron Cotta, foi Vigário-geral e Moderador da Cúria da Diocese de Fresno, quinta cidade mais populosa do estado norte americano da Califórnia, e nasceu a 21 de Março de 1953 em Dos Palos (Califórnia), Diocese de Fresno.

Frequentou a Bryant Elementary School, a Sacred Heart Catholic School e a Dos Palos Joint High School.

Em 1973, no Junior College de West Hills, em Colinga obteve o grau de Associate Degree. Concluiu o Seminário Saint John, em Camarillo, no ano de 1987, sendo então ordenado presbítero da Diocese de Fresno a 12 de Setembro.

Após a ordenação, mons. Cotta assumiu diversos ministérios: Vigário paroquial da Paróquia de Saint Anthony, em Atwater (1987-1989); Administrador do Santuário Our Lady of Fatima, em Laton (1989-1992); Pároco de Our Lady of Miracles, em Gustine (1992-1999).

Foi aliás, aqui, que introduziu o culto a Nossa Senhora dos Milagres, cuja igreja hoje tem o estatuto de Santuário.

“É a maior festa da comunidade portuguesa da California e é em tudo parecida com a festa em honra de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta. Até a data da sua realização”, recorda o prelado.

Muito familiarizado com o fenómeno da religiosidade popular, D. Myron Cotta lembra, ainda, as festas em honra do Divino Espirito Santo.

“São a nossa essência e esta tradição não se vai perder porque hoje os jovens, apesar de não quererem grandes compromissos, já se interessam pela festa” diz o prelado que afirma que “os açorianos têm muito orgulho nas suas raízes. Os meus avós eram assim. Transmitiram-nos muitos aspetos culturais que nos ajudaram a formar a nossa própria essência”.

D. Myron Cotta começou o périplo de férias em Fátima e Lisboa e termina a visita a Portugal em São Miguel na próxima terça feira.

Em Angra, onde esteve a semana passada, foi recebido pelo Bispo D. António de Sousa Braga e celebrou no Seminário Episcopal de Angra e na Igreja de São Pedro. Em Ponta Delgada presidiu à celebração na paróquia da Fajã de Baixo este domingo.

 

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