Por Renato Moura
Estou convicto que, no ambiente da pandemia Covid19, todos procuram fazer o melhor; e depressa. As autoridades têm deveres e responsabilidades a exercer; a comunicação social também. E todos, como agentes de saúde pública, cumprir os deveres e não ir além deles.
Os órgãos de soberania, os parlamentos regionais, os governos e todas as administrações, agem num clima de grande dificuldade e muita tensão. Têm decidido e executado medidas de grande complexidade e importância. A urgência e a pressão terão motivado omissões, atrasos e até erros. É assim momento para ajudar e contribuir para a correcção. A crítica arrasadora, a destruição da confiança, são agora fatais. O tempo para avaliar e julgar não se perde; virá depois.
A comunicação social deve informar, mas cuidar de não massacrar. A busca incessante de erros, omissões e insuficiências torna-se insensata e criadora de dúvidas que se acumulam, geram desconfiança e instalam o pânico. A maioria dos portugueses está em casa e vê mais televisão. Até os canais generalistas, nos programas que eram de entretenimento, gastam-se sobre a Covid19. Há moderadores que nem são jornalistas e trazem à antena pessoas sem o mínimo de competência sobre a doença, alguns dos quais só contribuem para a confusão e contradição com os especialistas.
À comunicação social cabe ajudar numa análise fria e numa perspectiva racional dos números, evitando que a emoção tome conta de todos e gere alarme. É que não estamos à beira do fim da humanidade! Infundir preocupação, sensatez e instruir no cumprimento das regras, é um dever. Não diminuir o medo dos riscos efectivos, é um serviço. Mas instalar o pânico não é salutar, nem ajuda.
O que grassa em sites e redes sociais, é desgastante e frustrante e não pode ter rigor científico. As análises sobre o futuro, do vírus ou da economia, são infundadas ou falsas; mas matam o ressurgimento da esperança.
Os comportamentos individuais são fulcrais: para suster o vírus; para manter a serenidade. Se é certo que não podemos impedir a circulação da comunicação, resta escolher, discernir e aprender a relativizar.
Procuremos confiança no Evangelho: “Não se vendem cinco pássaros por duas pequeninas moedas? Contudo, nenhum deles passa despercebido diante de Deus. Mais ainda, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. Não temais: valeis mais do que muitos pássaros.” (Lc 12,6-7); e “Ora se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançado ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?” (Mt 6,30).