Por Renato Moura
Nas peças anteriores temos abordado temas relacionados com o poder local. Continuamos nesta tentativa de partilhar reflexões tidas como importantes, quando se aproximam eleições autárquicas.
É basilar avaliar se os candidatos conhecem os deveres e poderes das funções a desempenhar, toda a vasta legislação a respeitar e cumprir, bem como as suas capacidades para pensar e agir. Mas é ainda fundamental avaliar o espírito norteador dos recandidatos enquanto exercitaram o poder e bem assim o espírito subjacente nos novos candidatos ao exercício do poder.
Torna-se impossível aqui enumerar todos os ângulos de análise. Porém o importante seria despertar os eleitores para em cada lugar os escolherem, com rigor e independência analisarem, para então concluir com proveito. É mais fácil julgar o passado, mas é indispensável perscrutar o futuro.
Será que as obras realizadas ou projectadas se destinam a servir os interesses da maioria da população, ou principalmente visam atrair votos ou fama para quem as executou ou promete? A resposta às legítimas solicitações das pessoas terá sido (ou será) igual para os influentes e para os pobres, para os amigos e para os críticos, para os do partido e para os da oposição? As admissões nos quadros e as ofertas de lugares são uma pensada reestruturação tendo em conta as necessidades? Os pretendentes foram (ou serão) seleccionados com rigor e justiça, ou os nomeados ao abrigo da lei foram (ou serão) escolhidos por competência ou amiguismo? Os autarcas dão sinais de reivindicação justa, firme e corajosa, na defesa das gentes das suas circunscrições, perante os poderes superiores, seja no concelho ou na Região; ou são tolerantes, amorfos ou até ocultadores, perante as insuficiências e injustiças, quando os que estão acima são do mesmo partido?
As instituições e colectividades locais foram (ou serão) transformadas em instrumentos ao serviço do poder local, ajudadas ou omitidas segundo as simpatias dos autarcas, ou conforme a relação, boa ou má, com os seus dirigentes? Provou-se ou há sinais para acreditar que autarcas ou candidatos ameaçaram agentes económicos de retaliação em caso de apoiarem ou ajudarem a eleger forças contrárias? Há provas ou sinais concludentes de alguma candidatura ter tentado aliciar filiados doutros partidos, a troco de oferta de lugares ou vantagens?
Mesmo quando a lei não pune, a consciência de cada um pesará. Em política não se peca apenas por acção e por omissão… também pela intenção. E o espírito é sujeito ao escrutínio popular.