Pelo padre Hélder Miranda Alexandre*
“O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4, 18). As palavras pronunciadas por Jesus na Sinagoga de Nazaré apontam para o autor da missão da Igreja, o Espírito Santo.
A ordenação presbiteral dos três diáconos António Santos, João Silva e Jorge Sousa é mais uma ocasião de graça e de esperança para a nossa Igreja Diocesana. O caminho trilhado por estes três jovens é prova de que são capazes para a missão que lhes vai ser confiada. Muita dessa formação foi feita através de um amadurecimento, por vezes árduo, mas confiante. Não estão completamente “acabados”, mas preparados para a realidade. Estou profundamente convencido disso. Ter mais padres aumenta o potencial de esperança e de serviço. Quando lamentamos a nossa, esquecemos outras realidades mais espinhosas. Podemos até correr o risco de crueldade, disfarçada de crítica.
Nas três entrevistas ao sítio “Igreja Açores”, evidencia-se uma constante: estar de portas abertas, junto do povo de Deus, na proximidade. Interessa que sejam felizes e que amem as comunidades que servirão. Só se é padre por causa e à maneira de Jesus. Tudo o resto vem por acréscimo.
Dificuldades? Hão-de surgir muitas! Foi isso que o Senhor prometeu aos discípulos. Quem quer consagrar a sua vida, tem de estar preparado para isso e saber sentir que o Domingo de Ramos e a Sexta-Feira Santa acontecem na mesma semana.
No entanto, o Espírito Santo, que os conduzirá, não é um simples dom que é entregue, mas um princípio de vida nova, que deve dar forma à existência, para que existam segundo o mesmo Espírito. Basta uma condição: deixar-se seduzir e conduzir.
O sacerdote é um homem apaixonado por Jesus, que une a sua existência para sempre à Igreja. A partir do altar e do ambão, torna-o servidor da Palavra e testemunha de comunhão. A escuta das alegrias e dores, dos sucessos e desilusões, torna-o companheiro atento e primoroso dos irmãos e irmãs, que o próprio Cristo lhe confia. É o amigo e educador das novas gerações, tendo a família entre as principais atenções pastorais. Capacita-o a ler os sinais dos tempos com inteligência e confiança. Por isso, a sua preocupação deve ser a de “aprimeirar-se” àqueles que têm um lugar privilegiado no coração de Cristo: os jovens, as famílias, os pobres, os aflitos e quantos estão submersos no sofrimento.
Precisa-se que os novos padres sejam tecedores de fraternidade, dentro e fora da Igreja. O gesto de imposição das mãos dos presbíteros na ordenação significa isso mesmo: ser acolhido no presbitério, sentir-se parte de uma família! Os jovens sacerdotes não podem crescer com divisões, contendas e críticas mordazes, mas no acolhimento, compreensão e perdão dos irmãos mais velhos, aceitando a correção fraterna. Claro que hão-de falhar. A Igreja não é de perfeitos, mas de pecadores em caminho, sonhadores e anunciadores do Evangelho.
As categorias dos pobres revestem-se de novas formas: física e moralmente, homens e mulheres de corações dilacerados pela dor, pela solidão, pela miséria, jovens desencaminhados à procura de sentido. Para todos, o anúncio da salvação é um olhar de misericórdia, um rosto amigo, um coração pronto a acolher e socorrer, uma palavra que cure feridas dilacerantes, um sorriso cheio de amor que consegue renovar a alegria.
O Seminário está em festa por cada ordenação! Sente o sentido de dever cumprido. Mas há mais a fazer! Que esta ocasião seja gesto eloquente para que outros sigam os passos do Mestre!
Bem hajam amigos António, João e Jorge!
Amai sempre esta Casa Santa e Mimosa de Deus!