“Alento”, “esperança” e “comunhão” são palavras deixadas ao novo bispo, D. Armando Esteves Domingues
Evangelizar e lutar “sem tréguas” contra a pobreza constituem dois grandes desafios apresentados por leigos e sacerdotes ao novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, a uma semana da sua entrada formal na diocese.
O prelado, que será o 40º bispo titular da diocese insular em 488 anos de história, foi nomeado pelo Papa Francisco a 4 de novembro e, no próximo domingo entra na diocese, num momento que terá transmissão em direto aqui no Sítio Igreja Açores e também na RTP Açores, a partir das 17h00, hora açoriana (menos uma que no Continente).
“A diocese de Angra nos seus 488 anos continua a caminhar, é uma diocese complexa, mas viva na sua vida e na esperança” afirmou ao Igreja Açores Monsenhor José Medeiros Constância, responsável pela Pastoral familiar diocesana.
“O desafio da evangelização é sempre prioritário mas não nos podemos esquecer que nos Açores há um problema contra a qual temos de lutar sem tréguas: a pobreza” refere o sacerdote, apontando prioridades da Igreja deste tempo.
“A pobreza gera grandes desigualdades às quais a Igreja, presente no mundo, tem de saber dar resposta e, para isso, precisa de ter cristãos comprometidos no meio das estruturas temporais e esse é um déficit que temos nos Açores”, refere ainda deixando o apelo ao novo bispo que tome estes desafios como prioritários. No que toca ao sector que dirige, a pastoral familiar, indispensável à evangelização, o sacerdote, decano do Colégio de Consultores, lembra que uma pastoral familiar ativa e forte tem como resultado “uma Igreja presente no mundo”.
“A pastoral familiar tem um anseio: colocar as famílias no centro da evangelização das famílias. Se a evangelização for feita a partir das famílias o testemunho cristão no mundo é mais efetivo”, afirma.
O padre Vítor Medeiros, responsável pelos Cursos de Preparação para o Matrimónio, um movimento indispensável ao desenvolvimento da pastoral familiar, centra os desafios na Juventude destacando a “esperança da comunhão” como um desafio essencial para que a diocese prossiga o seu trabalho.
“O momento é de unidade” refere o sacerdote destacando algumas das ideias deixadas na primeira mensagem à diocese por D. Armando Esteves Domingues.
“A ideia que fica é a de que vem com esta vontade de nos encontrar, de vir ao nosso encontro; esta proximidade e desejo de diálogo faz-nos pensar no nosso pastor como um pai carinhoso que quer caminhar connosco não impondo as suas opções, mas querendo escutar-nos e isso é bom” porque convoca a uma espera “com alegria e esperança”, diz o sacerdote lembrando que apesar da diocese “não ter parado” no último ano, é “preciso inovar”.
“Renovação” é, por outro lado, a palavra escolhida por dois leigos, da ilha Terceira, responsáveis por dois dos movimentos que mais dinamismo trouxeram à vida diocesana no passado, mas que desde 2019, mais têm sofrido as consequências da pandemia.
“Contamos com a amizade do novo bispo para nos ajudar a redinamizar os Cursilhos de Cristandade que na região já envolveram mais de 15 mil pessoas, entre homens e mulheres. Desde 2019 que não conseguimos formar um Cursilho na ilha Terceira” diz Gina Barcelos entusiasmada com a realização do primeiro na ilha pós-pandemia, no final deste mês e no principio de fevereiro.
“Parece que estamos a renascer das cinzas e o facto deste Cursilho coincidir com a chegada do novo bispo é um bom pronuncio” refere a dirigente.
Também Nelson Gonçalves, do Secretariado Diocesano do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF), espera que com a chegada de D. Armando Esteves Domingues, o MMF possa readquirir “dinamismo”.
“A atração de jovens é fundamental para a sobrevivência deste Movimento” refere. “A vinda do novo bispo enche-nos de muita alegria e transporta expectativa sobre uma nova dinamização diocesana, pois o MMF precisa de alento e esperança”, acrescenta lembrando que este ano já está prevista a reunião anual no dia 11 de março, a ida aos retiros de doentes a Fátima e também a participação na Peregrinação nacional do Movimento em julho.
Nos próximos dias, antes da entrada do novo bispo, o Sítio Igreja Açores percorrerá os vários serviços e movimentos procurando auscultar as expetativas e os desafios que a chegada de um novo bispo à diocese estão a suscitar.
D. Armando Esteves Domingues entra na diocese no dia 15 de janeiro, numa celebração que começa às 16h00, junto à Igreja da Misericórdia de Angra; segue depois em cortejo processional pelas ruas Direita e da Sé, em Angra do Heroísmo, e na Catedral celebrará pela primeira vez. Além do clero das diferentes ilhas, a cerimónia de entrada do novo bispo contará com a presença de vários bispos diocesanos da Conferência Episcopal Portuguesa bem como sacerdotes das dioceses continentais onde serviu de forma mais próxima nomeadamente Viseu e Porto, bem como da sua diocese de nascimento, Portalegre- Castelo Branco.
D.Armando Esteves Domingues é natural de Oleiros e antes de ser nomeado bispo de Angra era bispo auxiliar do Porto, desde 2018.