O “Ciberapóstolo”

Foto: Igreja Açores

Por António Pedro Costa

Em pleno tempo de pandemia, foi anunciada a beatificação do jovem Carlo Acutis, considerado um génio da informática, que morreu aos 15 anos de idade e vai agora ser santificado pelo Papa Francisco. Trata-se de uma notícia que já era há muito aguardada, desde que foi considerado venerável em 2018.

Carlo Acutis faleceu em 2006, após lhe ter sido diagnosticada uma doença de leucemia fulminante, cujo testemunho de vida tem levado muitas pessoas a um maior aprofundamento da fé, tal era a sua grandeza de alma, que a todos contagiava com a sua alegria de viver.

Este adolescente italiano que ficou conhecido como o “Ciberapóstolo da Eucaristia”, pela evangelização que desenvolveu através do admirável mundo das novas tecnologias, era um génio reconhecido em computadores e aproveitou o seu talento para ensinar as pessoas, através da internet, a terem mais amor e devoção pela Eucaristia.

Impressionante era o facto deste italiano, que frequentava a Missa todos os dias e que levava uma vida de um jovem normal e ao mesmo tempo extraordinária, era muito dedicado ao estudo, à família, ao voluntariado em benefício de crianças e idosos, bem como à vivência de uma fé excecional.

Carlo Acutis era um ás a jogar playstation, crescendo com um percurso normal de vida, com um comportamento irrepreensível na escola, destacando-se dos colegas pelo desejo de ter mais formação cristã. Como informático, possuía uma capacidade inusitada para a programação, ao ponto dos engenheiros informáticos amigos dos pais dizerem que estavam perante um verdadeiro génio.

Por isso mesmo, existe um movimento dentro e fora da Itália que espera que Carlo Acutis venha a ser muito em breve declarado como santo padroeiro dos informáticos, mostrando “como a informática é meio de santificação pessoal e também dos outros”.

Qualquer pessoa fica fascinada com a vida deste jovem e o Papa Francisco na sua exortação apostólica ‘Christus Vivit’, refere aos jovens e a todo o povo de Deus que Carlos Acutis usou os meios digitais, “as novas técnicas de comunicação”, para “transmitir o Evangelho, para comunicar valores e beleza”, nomeando-o como um dos padroeiros da Jornada Mundial da Juventude, realizada em Lisboa, o ano passado.

“Não caiu na armadilha. Via que muitos jovens, embora parecendo diferentes, na verdade acabam por ser iguais aos outros, correndo atrás do que os poderosos lhes impõem através dos mecanismos de consumo e aturdimento”, escreveu o Papa Francisco no documento que surgiu depois do Sínodo dos Bispos ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, realizado em outubro de 2018.

Muitos católicos no mundo inteiro rezaram com ardor para que o Papa Francisco propusesse Carlo Acutis como modelo de vida e foi com júbilo que muita gente tomou conhecimento da promulgação do decreto da Congregação para as Causas dos Santos relativo a este novo Santo da Igreja Católica.

Segundo o testemunho da mãe, “desde criança, que Carlo era uma alma muito dedicada. Ele amava ir à igreja, rezar, aprofundar a fé. Eu estava afastada, cresci numa família laica, assim como acho que milhões de pessoas. Ter esse filho que me fazia perguntas insistentes sobre a fé obrigou-me a refletir. Foi um motivo para me aproximar da Igreja e dos sacramentos”.

De facto, a vida de Carlo Acutis foi excecional até os últimos momentos, ao ponto de declarar no seu sofrimento dilacerante que oferecia as suas dores físicas a Deus, pelo Papa Bento XVI e pela Igreja. É da autoria deste jovem a exposição internacional sobre os Milagres Eucarísticos no Mundo, com uma seleção extensa de fotografias e descrições históricas, e que ocorreram ao longo dos séculos em vários países do mundo e reconhecidos pela Igreja.

O milagre ocorrido no Brasil, graças à intercessão do jovem beato, de um menino com uma rara doença congénita ficou curado após rezar diante de uma relíquia de Carlo Acutis, tendo sido minuciosamente estudado pelas equipas médico-cientificas, tendo sido promulgado pelo Papa Francisco. Carlos Acutis: ‘Influencer de Deus’ será  o 1º santo ‘millennial’ após o Vaticano reconhecer o segundo milagre.

O jovem que inventou o “kit para tornar-se santo” demonstra que a internet é um mundo, que apesar de infestado de tantos malefícios é também um espaço admirável onde os mais novos podem encontrar exemplos de vida que tanta falta fazem nos tempos modernos.

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