A 17 de dezembro, Francisco decidiu abolir o segredo pontifício nos casos de violência sexual e de abuso de menores cometidos por clérigos, numa decisão considerada histórica.
Durante o último ano, o Papa exigiu todas as dioceses criem estruturas para receber denúncias de abusos sexuais, até 2020, na sequência da cimeira que Francisco convocou em fevereiro, reunindo no Vaticano os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo e responsáveis de Institutos Religiosos e da Cúria Romana, para debater medidas de proteção a menores na Igreja Católica.
Em fevereiro, o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram nos Emirados Árabes Unidos a Declaração de Abu Dhabi, apresentada como “histórica”, pelo Vaticano, que condena o terrorismo e a intolerância religiosa; a aproximação ao Islão continuou em Marrocos.
Francisco passou depois pela Bulgária e Macedónia do Norte, a terra natal de Madre Teresa de Calcutá, bem como pela Roménia, onde prestou homenagem aos católicos perseguidos durante o regime comunista.
Em 2019, o Papa regressou a África, para deixar mensagens em favor dos mais pobres e pela paz, numa viagem a Moçambique, Madagáscar e Maurícia.
A última visita internacional teve como destinos a Tailândia e o Japão, viagens inéditas marcadas por apelos contra as armas nucleares e a exploração das pessoas.
O ano tinha começado com a celebração da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Panamá; a JMJ 2019 abriu caminho para a primeira edição internacional acolhida por Portugal, que vai acontecer no verão de 2022, em Lisboa.
Ainda em 2019, o Papa presidiu a um consistório para a criação de cardeais, entre eles D. José Tolentino Mendonça, e foi celebrada a canonização de frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo português do século XVI.
O quarto Sínodo do atual pontificado, dedicado à região pan-amazónica, foi acompanhado por várias críticas à presença de símbolos indígenas e ao debate que decorreu no Vaticano, do qual saiu a proposta de ordenação sacerdotal de diáconos casados; no final da assembleia, o Papa disse que a Igreja tem de ouvir o “grito dos pobres” e questionou a hipocrisia de quem despreza o seu próximo.
No plano interno, prossegue o trabalho que visa reforma da Cúria Romana, com destaque para as várias medidas na administração económico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano: o jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves assumiu a liderança da Secretaria para a Economia e Carmelo Barbagallo, dirigente do Banco da Itália, passou a presidir a Autoridade de Informação Financeira (AIF), no centro de um inquérito por alegada corrupção em operações imobiliárias; Francisco aprovou ainda os novos estatutos do ‘Banco do Vaticano’, o Instituto para as Obras de Religião, introduzindo auditoria externa.
Simbolicamente, por ocasião do 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa abençoou no Vaticano uma escultura que retrata migrantes de todos os tempos, destinada à Praça de São Pedro, com o objetivo de lembrar o “desafio evangélico do acolhimento”; já na sua mensagem de Páscoa, Francisco tinha questionado a indiferença de quem ignora os conflitos e injustiças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, pedindo o fim dos “muros”.
Este foi ainda o ano em que o Papa assinou a exortação ‘Cristo Vive’, propondo aos jovens a uma vida dedicada aos outros, na sequência do Sínodo de 2018, e em que a Igreja Católica celebrou um mês missionário extraordinário, em outubro.
Para 2020 está prevista a presença do Papa num encontro com bispos da Europa, Ásia e África para falar sobre as migrações, a 23 de fevereiro, na cidade italiana de Bari.
Em março do próximo ano, Assis acolhe um encontro sobre ‘A economia de Francisco’, que visa reunir estudantes e empresários de todo o mundo, incluindo uma delegação portuguesa.
Já em maio, o Vaticano acolhe um encontro mundial de profissionais ligados ao ensino, convocado pelo Papa com o objetivo de promover um “pacto educativo global” centrado na fraternidade e proteção do planeta.
(Com Ecclesia)