O ano da Misericórdia “para nós mantém-se aberto”

Presidente da Cáritas diocesana é a convidada do programa de rádio Igreja Açores

A realidade da Cáritas na diocese de Angra é “quase tão diversa como a do país” mas “ninguém pode demitir-se das suas responsabilidades” a começar “pela hierarquia” afirma a presidente da Cáritas Diocesana dos Açores.

Anabela Borba, que este fim de semana participa em Fátima no Conselho Nacional da Cáritas, é a convidada do programa de Rádio Igreja Açores, que vai para o ar neste domingo no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, a partir do meio dia.

A dirigente diocesana, “sem querer procurar bodes expiatórios” afirma que é preciso dizer “que por vezes falta empenho da hierarquia da igreja” na organização da Cáritas.

“É preciso que as pessoas que estão empenhadas na pastoral social- leigos- e o clero se envolvam na Cáritas” refere a dirigente sublinhando que “Há uma responsabilidade dos leigos que nem sempre correspondem mas isso não pode desresponsabilizar a hierarquia e o clero”.

“Este é talvez um dos grandes desafios: termos consciência do ser igreja e ajudarmos a construir um mundo melhor” salienta ainda Anabela Borba para quem o Ano da Misericórdia “não termina”.

“A Cáritas é o coração da Igreja no mundo e nós perante um mundo em dificuldade temos sempre trabalho” destaca.

Sobre os Açores, em concreto, lembra que “os fogos para apagar são muitos e diversos”.

“É preciso reconhecer que apesar do muito que tem sido feito continuamos a ser uma das regiões mais pobres do país; a região com maior abandono escolar e insucesso escolar; com uma das maiores taxas de analfabetismo; uma enorme quantidade de pessoas sem emprego ou que, quando o têm, auferem salários muito baixos” elenca a presidente da Cáritas.

“Infelizmente aqui ainda temos um solo muito fértil para trabalharmos e sobretudo complementar o trabalho de outras instituições”, precisa.

A aposta da Cáritas na Terceira tem sido a infância e o combate ao insucesso escolar fornecendo ferramentas para que os jovens das famílias mais pobres possam adquirir competências para ganharem autonomia e saírem progressivamente do ciclo da pobreza enquanto que em São Miguel a aposta tem sido nos jovens mas também nos sem abrigo.

“É assim que tem de ser pois cada ilha tem as suas especificidades e nós temos de ser capazes de olhar para a realidade concreta e encontrar as melhores estratégias para minimizar os problemas”, refere Anabela Borba.

“Ser coração da igreja no mundo é isto: conhecer  as situações mais problemáticas,  compadecer-se delas e procurar agir para ir solucionando problemas, não com respostas feitas mas procurando fazer o seu melhor hoje e agora com os homens de hoje”, refere ainda a dirigente.

“Este é o eixo estratégico de toda a Cáritas; é o centro da nossa identidade e o ponto de partida da nossa ação”.

Na entrevista ao programa da diocese de Angra Igreja Açores a presidente da Cáritas diocesana deixa ainda pistas para duas ações imediatas: a venda de velas, no âmbito da Campanha 10 milhões de estrelas pela paz no mundo e uma tertúlia informal, num espaço comercial de Angra, sobre o tema da paz, com Miguel Monjardino, professor da Universidade Católica Portuguesa e Benedita Martins.

“ Temos de ser Ser construtores da paz e todos os momentos são importantes para refletirmos em conjunto e tomarmos consciência do que cada um de nós pode fazer para construir um mundo melhor”.

A dirigente fala também dos refugiados, dos vários problemas que a humanidade não conseguiu solucionar e dos desafios que se colocam à instituição.

“É precisa uma leitura certa da realidade para além dos nossos medos e é esta consciência que devemos estimular”, conclui.

O programa de rádio Igreja Açores vai para o ar este domingo, a partir do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

 

 

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