A partir do encontro de Jesus com Zaqueu, o pregador da Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres sublinha que a conversão só é possível se houver uma entrega plena a Deus e à sua palavra, que “é para todos”
O pedido de Jesus a Zaqueu para que descesse da árvore porque precisava de ficar em casa dele é o pedido que Deus faz hoje a todos os homens, independentemente da sua circunstância, afirmou esta tarde o padre José Júlio Rocha na segunda noite do tríduo preparatório da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada.
A partir do encontro entre Jesus e Zaqueu, o publicano mais odiado da cidade pela sua baixa estatura moral, narrado no Evangelho de Lucas, o sacerdote sublinhou que só quem se abre à graça de Deus se pode converter.
“Cai dessa árvore abaixo, eu amo-te. Nunca ninguém tinha amado Zaqueu; Jesus foi o primeiro a amá-lo… Sentir-se amado é a única coisa que faz mudar a nossa vida” afirmou o teólogo moralista, professor no Seminário Episcopal de Angra.
“Zaqueu não estava disposto a dar nada mas à ordem de Jesus- desce porque preciso de ficar em tua casa- aproximou-se de Jesus , que o considerou”, disse.
“O que é que nós fazemos: vamos à missa para ouvir o senhor padre, para nos consolarmos para alimentar a nossa fé ou para que Jesus nos toque e mude a nossa vida”, interpelou o padre José Júlio Rocha.
“Temos de deixar que Jesus penetre no nosso peito e mude a nossa vida, não por consolo mas porque é a razão de ser da nossa vida”, disse ainda estabelecendo uma comparação com outro dos encontros de Jesus, desta feita com o jovem rico que se prostra diante dos seus pés e lhe pergunta o que tem de fazer para alcançar a vida eterna e, quando Jesus lhe indica que o único caminho é “deixar tudo para trás”, retrai-se.
“Há muitos cristãos que se servem da sua fé: entusiasmam-se mas preferem o seu conforto; há outros que dão tudo, das unhas dos pés à ponta dos cabelos por Jesus” sublinhou o padre José Júlio Rocha.
“O que era bom disse não a Jesus; o que não prestava deu-se completamente. O amor não olha para os lados, olha para a frente e o que nós precisamos é de ser amados” concluiu o sacerdote que desafiou os peregrinos a abrirem-se “a escuta do Espírito Santo” pois “pelo batismo somos de Deus”.
Depois da Eucaristia deste segundo dia de tríduo foi apresentado o livro “Teresa de Cristo”, de Armando Moreira, uma edição apoiada pelo Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, e suportada pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, com edição das Letras Lavadas.
O livro, que serviu de base ao argumento do filme sobre Madre Teresa da Anunciada, que estreia amanhã à noite, pelas 21h00, no Teatro Micaelense, integra a trilogia de elementos que, segundo o autor, servirá para alavancar o processo de estudo e a causa de beatificação e canonização da religiosa, principal responsável pela divulgação do culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres.
“ É um livro singelo, é praticamente o argumento do filme, mas é também o resultado dos estudos que se fizeram para a concepção da estátua que se encontra no adro do Convento” referiu o autor no momento da apresentação.
“É, também, uma viagem pela veneranda imagem do Senhor Santo Cristo e o seu percurso desde o Vaticano, passando pelo convento de Santo André, em Vila Franca até aqui ao Convento da Esperança”, acrescentou.
“Chamo-lhe Teresa de Cristo porque quis falar da singeleza da nossa madre, caracterizando a sua beleza. O livro dá-nos uma perspetiva mais correta do que ela foi”. A obra foi apresentada com uma espécie de jogral, onde várias vozes se fizeram ouvir lendo passagens do livro e refletindo sobre o sentido da fé.
O Reitor agradeceu a colaboração e o empenho de Armando Moreira no desenvolvimento artístico desta trilogia- Estátua, Livro e Filme- lembrando que estas iniciativas tinham sido apresentadas em 2019 e fazem parte do caderno de encargos deixado pelo bispo aquando da sua nomeação para a reitoria do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, em outubro de 2015: desenvolver todos os esforços para promover a causa da Madre Teresa da Anunciada.
“Só quem não passa aqui, no adro do Santuário, quer ao serão quer de madrugada, é que não vê a quantidade de devotos que continua a vir aqui por flores ou velas. Podemos mudar o lugar da estátua, mas escondê-la ou por a estátua num lugar inacessível não é honrar a memória de Madre Teresa da Anunciada” disse o cónego Adriano Borges.