António Augusto Azevedo destacou “uma sintonia, uma proximidade” entre o itinerário e o Sínodo dos Bispos: “Uma Igreja mais de estilo sinodal ajuda a perceber melhor a necessidade de uma nova evangelização”
O presidente da Comissão da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) salientou que as Jornadas de Catequistas procuram convidar “olhar com mais atenção e profundidade” para o novo itinerário que quer “proporcionar aos mais jovens uma catequese mais viva”.
“Esperamos que este Itinerário seja uma proposta que vá ao encontro das necessidades da Igreja de hoje, das comunidades, desta nova geração, e também desta cultura em que estão e do contexto familiar que fazem parte; as grandes dimensões têm a ver com procurar proporcionar aos mais jovens uma catequese mais viva, que os ajude a ter um encontro com Cristo vivo, por um lado, e depois a crescer da fé, a aprofundar essa fé”, disse D. António Augusto Azevedo à Agência Ecclesia.
Mais de 1100 catequistas de todo o país estão a participar nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2023, intituladas ‘Olhar o novo Itinerário – Iniciação à vida cristã: os alicerces da fé’, que decorrem este sábado e domingo, dias 21 e 22 de outubro, em Fátima.
Segundo o presidente da Comissão da Educação Cristã e Doutrina da Fé, bispo de Vila Real, “é significativo” que um tão grande número de catequistas tenha aderido a esta iniciativa, o que considera que acolheram “com muito entusiasmo, com muito interesse” o novo ‘Itinerário da Iniciação à Vida Cristã’.
Nestas Jornadas participa uma das maiores delegações de catequistas açorianos de sempre. 181 pessoas, de cinco ilhas: São Miguel, Terceira, São Jorge, Santa Maria e Graciosa.
Ana Berbereia Cardoso é catequista no Raminho, na ilha Terceira, e salienta a importância da família neste novo itinerário catequético.
“Temos de fazer algo para modificarmos os jovens e as famílias de forma a que possam participar na catequese e perceber a importância disso para o seu crescimento como pessoas” referiu numa conversa com o Sítio Igreja Açores.
“Sem o envolvimento e o compromisso da família não conseguiremos ir longe” acrescenta.
“Aos poucos, não com sentido de imposição mas fazendo ver que o nosso Cristianismo só é vivo se for vivido, seremos capazes de fazer com que a catequese seja de facto um momento de grande crescimento” para todos, incluindo a família.
Marisa Sousa, de Santa Maria, é uma das mais jovens catequistas que integra o grupo dos Açores. É catequista pelo segundo ano consecutivo e coloca o assento tónico na nova realidade que é hoje uma sala de catequese: “precisamos de ser atrativos para desviar as atenções do telemóvel. Entro na sala e vejo crianças tão pequenas sempre ligadas ao digital… Alguma coisa se passa porque me parece que elas estão lá obrigadas; não sentem qualquer entusiasmo pela vida cristã e isso não é bom para que a catequese funcione”. Por isso, esta “formação” é importante.
“Espero que os novos materiais nos ajudem a encontrar formas de chegar melhor a estas crianças”, refere a jovem.
Sandy Ramos veio de São Jorge. É catequista há nove anos.
“Somos de uma ilha pequena e vejo que isso pode limitar-nos mas comparando com alguns testemunhos de catequistas que já ouvi aqui hoje, posso dizer que os problemas são praticamente os mesmos e o que nós precisamos é de nos animarmos uns aos outros e procurarmos em conjunto encontrar estratégias para cumprir a nossa missão”.
Já Débora Cardoso, coordenadora da Catequese na paróquia de São Francisco Xavier do Raminho, na ilha Terceira, lembra que há vantagens e seguir o mesmo grupo ao longo do itinerário da catequese.
Durante este fim-de-semana, os novos materiais e o Itinerário propostos são discutidos em Fátima.
D. António Augusto Azevedo assinala que o itinerário foi “aprovado há pouco tempo pela Conferência Episcopal”, por isso “vai levar o seu tempo”, o caminho vai continuar em cada diocese, e, neste sentido, assinala o “trabalho muito importante” dos secretariado diocesanos do setor, que também vão fazer um “trabalho de formação e de divulgação” e depois, o trabalho ainda continua “em cada paróquia, com os respetivos párocos e catequistas” na sua implementação, “com o resto das comunidades, com as famílias”.
“Este é um trabalho quase em círculos que se vão alargando e este momento aqui foi certamente importante desse alargar do interesse pelo novo itinerário”, salientou.
Para D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real, este novo itinerário catequético para crianças e adolescentes “já resulta um pouco” da consciência geral da Igreja e dos catequistas que “há algo mais a fazer para que a catequese responda às necessidades deste tempo”, por isso, “mais do que resistências”, realça que “as mudanças demoraram o seu tempo”.
“O que importa é que se capte os seus princípios, a sua razão de ser e as suas motivações, porque a grande motivação é termos as melhores condições para prepararmos melhor as gerações de cristãos do futuro. Isso, creio que é um objetivo que nos reúne a todos, nos congrega a todos, para caminharmos juntos nesta tarefa”, acrescentou.
“A catequese é também uma proposta necessária para esta nova etapa da evangelização. Uma terá a ver mais com o conteúdo e o caminho pessoal de descoberta da fé, e a outra, o modo de estar na Igreja. Este sentido da descoberta e aprofundamento da fé, que se faz na catequese, leva ao encontro de uma Igreja mais de estilo sinodal, e uma Igreja mais de estilo sinodal ajuda a perceber melhor a necessidade de uma nova evangelização”, concluiu D. António Augusto Azevedo.
Este ano, os trabalhos das Jornadas Nacionais de Catequistas vão realizar-se em três espaços distintos, com ligação live streaming, para além da sala principal no Centro Pastoral Paulo VI, do Santuário de Fátima.