Diretor do Serviço Diocesano da Catequese, Missão e Evangelização lidera uma delegação de 181 açorianos às Jornadas Nacionais da Catequese, que decorrem em Fátima
A catequese é uma missão de todos e fazer compreender isso é um desafio diocesano afirmou esta tarde ao sítio Igreja Açores o Diretor do Serviço Diocesano da Catequese, Missão e Evangelização, padre Jacob Vasconcelos que lidera uma das maiores delegações nacionais às Jornadas de Catequistas que decorrem este sábado e domingo em Fátima, com 181 açorianos.
“A catequese não serve para ocupar territórios, mas para proporcionar uma experiência de encontro com Jesus Cristo, e por isso é uma tarefa de todos os agentes de pastoral, onde a família tem um papel preponderante” afirmou o padre Jacob Vasconcelos, lembrando que o novo itinerário que está a gora a ser delineado é “um desafio e uma oportunidade”.
“A família é chamada a fazer parte, o que é um grande desafio porque a família encara muitas vezes a catequese como mais uma atividade entre muitas outras” afirma o sacerdote desafiando as famílias açorianas a “comprometerem-se com a catequese da mesma forma com que acompanham outros âmbitos da educação dos filhos”.
“A preocupação com o seu percurso de fé é essencial”, diz, salientando que este novo Itinerário “dá uma grande abertura em termos de colaboração entre várias comunidades”.
“O facto de se ter um percurso baseado em módulos permite que possam aglutinar-se idades próximas que façam o mesmo percurso mas fazendo módulos diferentes, pois o que interessa, antes de mais, é ao longo do percurso os módulos sejam aprofundados e vividos, sempre numa experiência de encontro pessoal com Jesus”.
As Jornadas Nacionais de Catequistas 2023, intituladas ‘Olhar o novo Itinerário – Iniciação à vida cristã: os alicerces da fé’, mobilizaram mais de 1100 catequistas de todo o país, que este sábado e domingo, dias 21 e 22 de outubro, participam neste encontro, em Fátima. Dos Açores deslocaram-se 181 catequistas de cinco das nove ilhas.
Segundo o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), que promove esta formação, as jornadas nacionais fazem parte do “caminho de receção e divulgação do novo Itinerário para a Catequese, editado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 2022”.
“Este itinerário tem etapas bem definidas , vividas com calma e com uma visão diferente que se centra no percurso e não no evento; há uma atenção ao jovem que faz o seu próprio processo; vive-o em comunidade mas tem um ritmo mais pessoal” refere o padre Jacob Vasconcelos.
“A catequese pode ficar muito diferente, desde logo pela libertação da conotação com a escolarização. Embora vinculada ao calendário escolar, a catequese passa a ser vista numa perspetiva menos escolarizada e mais vivenciada” refere ainda ao recordar que se inspira num projecto desenvolvido durante a preparação da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa.
“A jornada despertou os mais velhos para um novo olhar sobre os mais novos com o intuito de fazer evangelização. Há um efeito de arrastamento positivo daquilo que foi a jornada naquilo que é a jornada da vida. Por outro lado, noto uma sede de mudança tendo em conta os critérios do evangelho, mas há, claramente, uma sede de novos métodos e de novas linguagens para dar outras respostas” diz ainda o sacerdote que esteve dois anos e meio em Roma a estudar pastoral.
“Hoje as respostas que se davam há 20 ou 30 anos atrás não fazem sentido. As jornadas foram também um despertador de consciência para uma realidade que já conhecíamos pastoralmente mas que agora ficou mais visível”, diz o padre Jacob Vasconcelos.
O responsável pela catequese em São Miguel e Santa Maria, lembra, por seu lado, que é preciso motivar os catequistas de forma a que através da formação e de um novo entusiasmo possam “contagiar” crianças e famílias.
“Para já as nossas famílias ainda não estão preparadas para este novo Itinerário; temos de apostar mais na corresponsabilização de todos”, defende o padre Carlos Simas.
“A formação nestes novos materiais e um compromisso mais profundo dos párocos e dos catequistas pode ser a chave deste nova dinâmica”.
Em São Miguel, muitas das paróquias, da esmagadora maioria das oito ouvidorias têm estado a seguir o catecismo proposto pelos Salesianos e a catequese tem sido feita sobretudo a partir de jogos e de propostas didáticas ao jeito de São João Bosco, com propostas próprias para a catequese da Infância e da adolescência.
“Vamos abrir esta corresponsabilidade de forma a que a formação seja dada e com ela surja a motivação necessária para contagiar as famílias. Não queremos que haja ouvidorias que fiquem para trás”, afirma o sacerdote.
“O segredo do novo itinerário está radicado nos pais, pois a família é a primeira igreja doméstica; são os pais que evangelizam em primeiro lugar, devem ser os pais, com os catequistas, os promotores da fé: os pais evangelizam primeiro e o catequista é uma espécie de padrinho que acompanha o itinerário” de forma a criar “discípulos”.
Este ano, os trabalhos das Jornadas Nacionais de Catequistas realizam-se em três espaços distintos, com ligação live streaming, para além da sala principal no Centro Pastoral Paulo VI, do Santuário de Fátima.