D. João lavrador quer uma igreja em diálogo com todos
O Novo Bispo Coadjutor de Angra desafiou o poder civil regional a uma “aliança” com a igreja na luta contra os mais desfavorecidos.
“Porque sentimos que há franjas da humanidade que estão afastadas, colocadas nas periferias económica, social, cultural e religiosa, quero manter com elas uma implicação que não só as auxilie a assumirem um papel de promoção integral mas que ajudem a sociedade a saber olhar-se com novas prioridades”, disse D. João lavrador no final da Eucaristia de apresentação ao povo açoriano.
Na resposta, o Presidente do Governo regional dos Açores foi perentório: “Naturalmente que estamos disponíveis para responder a esse desafio” disse em declarações ao Sítio Igreja Açores, durante a cerimónia.
“Fundamentalmente o que me parece importante relevar, num plano do poder publico, é o facto de contarmos com mais um aliado e um parceiro. O novo Bispo Coadjutor deu nota deste interesse e desta atenção pelos mais desfavorecidos, que possa resultar num trabalho conjunto em prol do bem comum e nós estaremos disponíveis como sempre estivemos”, disse Vasco Cordeiro.
“Temos desafios muito concretos que têm a ver com a necessidade de sermos capazes de construir uma sociedade integradora e que seja capaz de chegar onde os poderes públicos não podem nem conseguem” sublinhou o chefe do executivo regional.
“A igreja é uma dessas organizações; por isso, julgo que é neste ponto que se pode falar numa espécie de aliança, para trabalharmos ambos em prol do bem comum, como temos feito e julgo que poderemos continuar”, concluiu.
Também a Diretora da Cáritas Diocesana ficou satisfeita “com este empenho” revelado por D. João Lavrador, nesta espécie de “advocacia social”.
“Temos uma elevada expetativa quer em termos da Cáritas quer da pastoral social em geral, pois há muito por fazer e, embora o D. António de Sousa Braga tenha tido esta questão social como uma prioridade, é notório que é preciso ir mais longe”, disse Anabela Borba ao Sítio Igreja Açores.
E concretiza, lembrando o esforço que é preciso fazer “naquelas ilhas onde a Cáritas ainda tem uma presença menos organizada”, na medida em que “queremos animar a pastoral social”, frisou.
“Nós anunciamos o Evangelho através de ações concretas que toquem sobretudo os mais desfavorecidos, denunciando os grandes males e, sinto que às vezes, isto tem sido um papel esquecido e estas preocupações reveladas pelo novo Bispo dão-nos esperança”, conclui.
Também o Presidente da União das Misericórdias dos Açores destaca um discurso “fortemente marcado pela Doutrina Social da Igreja e muito afetivo” e “é disso que as franjas, os mais excluídos precisam: de afecto”.
Em declarações ao Sítio Igreja Açores, Bento Barcelos, que é também o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra, destaca que o papel das misericórdias é corresponder às necessidades prementes do ser humano, garantindo-lhe a dignidade.
“Um dos grandes desafios é dignificar o bom trabalho dirigido àqueles que mais precisam, orientando especialmente os mais jovens, dando apoio direto às famílias e ajudando a fixar gente nas povoações mais envelhecidas”; pelo que “julgo que as misericórdias encontram neste novo bispo, como no anterior um aliado”, conclui.