Cónego Hélder Fonseca Mendes foi eleito pelo Colégio de Consultores e assumirá o governo da diocese até à nomeação de um novo bispo pelo Papa
O novo Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, eleito esta terça-feira pelo Colégio de Consultores garante que cumprirá “com diligência e fidelidade” os deveres que resultam do seu ministério e pede a todos os que estão envolvidos na evangelização para “não esmorecerem”.
Numa mensagem dirigida ao Povo de Deus nos Açores, depois de ter aceite as funções para as quais foi eleito e de ter feito a profissão de fé diante do Colégio de Consultores, o sacerdote, doutor em Teologia Pastoral e ex. Vigário Geral desde 2005, período que abarcou parte do episcopado de D. António de Sousa Braga e todo o episcopado de D. João Lavrador, dirigiu-se a todos os diocesanos.
“Comunico que após a eleição do Colégio de Consultores da Diocese de Angra, em situação de sede vacante aceitei as funções para as quais fui eleito, tendo feito, diante de Deus e dos senhores consultores, a profissão de fé, e comunicado esta eleição e aceitação ao Senhor Núncio Apostólico”, pode ler-se na carta.
“Cumprirei com diligência e fidelidade os deveres a que estou obrigado para com a Igreja na qual fui chamado a exercer o meu serviço, até que o Santo Padre nomeie o próximo Bispo para a Diocese de Angra, nas ilhas dos Açores” afirma ainda sublinhando que conta “com todos”.
“A partir do Colégio de Consultores recebo este novo serviço à Igreja, contando com a colaboração do Cabido, da Cúria Diocesana, do Seminário Episcopal, dos senhores ouvidores e dos párocos, em cada dia e em cada uma das nossas freguesias, concelhos e ilhas, bem como dos diáconos permanentes, consagrados e consagradas”, escreve na mensagem.
O sacerdote que é pároco da Sé de Angra, lembra, por outro lado que a “primeira missão é espiritual, de levar a alegria e a esperança do evangelho a todas a pessoas, e de construir no serviço e na comunhão um mundo que se assemelhe mais ao «império do Espírito Santo» na sua universalidade”.
Por isso, diz “ todos os que se empenham na evangelização, na liturgia, nos ministérios, nas vocações e nas missões não podem esmorecer no seu trabalho”
“Contamos neste período com os vários serviços e comissões diocesanas, seja na área da caridade, da educação, da saúde, dos jovens e das famílias, da cultura e da comunicação social. Aqui estão envolvidos os leigos nos movimentos apostólicos, nas comunidades eclesiais e nas paróquias, bem como todos os que percorrem a caminhada sinodal seja a nível local e universal, tal Igreja ora em contemplação, ora em movimento”, avança ainda.
O sacerdote pediu oração “para que o Senhor nos dê um Bispo segundo o coração do Bom Pastor, que possa responder aos desafios do nosso tempo e do nosso lugar, de tal maneira que perdure sempre na comunidade diocesana a integridade da fé, a santidade de vida e a caridade fraterna” e deixou uma palavra para os dois bispos que serviu como vigário-geral..
“A minha palavra, nesta hora, é de ação de graças pelo dom que foi D. João Lavrador para a nossa Igreja Diocesana nos últimos seis anos, não esquecendo D. António de Sousa Braga, nosso bispo emérito, que no seu discreto silêncio nos vai acompanhando na oração”, concluiu.
O cónego Hélder Fonseca Mendes nasceu em 1964 em Angra do Heroísmo, onde foi ordenado diácono em 1987 e presbítero em 1988. Foi pároco da Ribeirinha na Terceira desde a sua ordenação até à transferência para a Sé de Angra, onde é pároco desde 1999. Desde esse ano é professor de teologia pastoral no Seminário Maior. Foi Secretário Diocesano da Educação Cristã de 1989 a 2005 e Ouvidor de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Foi Vigário Geral da Diocese de Angra, de 2005 a 2021. Foi membro do Conselho Pastoral Diocesano, do Conselho Presbiteral e do Conselho Episcopal. É membro do Colégio de Consultores, do Cabido da Catedral de Angra e das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém. É diretor do Boletim Eclesiástico dos Açores e sócio efetivo dos Institutos Culturais sedeados em Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Fez os seus estudos no Seminário Episcopal de Angra, sendo licenciado em teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, com especialização em teologia prática pelo Instituto Superior de Pastoral de Madrid. É doutorado em teologia pela Universidade Pontifícia de Salamanca, com a tese «Do Espírito Santo à Trindade – um programa social de cristianismo inculturado».
O Administrador Diocesano é o presbítero eleito pelo Colégio de Consultores que assume o governo da Diocese durante o período de sede vacante. Uma vez eleito, aceite essa eleição, emite a profissão de fé perante o Colégio de Consultores e entra em funções, dando conhecimento à Santa Sé, através da Nunciatura Apostólica em Portugal.
O seu poder é limitado ao poder executivo, excluindo-se o legislativo ou judicial. Não pode fazer determinadas nomeações durante o primeiro ano de exercício de funções, como seja de párocos. Nada deve fazer que possa lesar os direitos do Bispo ou da Diocese. Tem os mesmos deveres que o Bispo diocesano, com exclusão daquilo que, por sua própria natureza ou pelo direito, fica excetuado. Goza de todas as faculdades que o direito atribui ao Ordinário, como é o caso do Vigário Geral.
O eleito deve ter mais de 35 anos e ser um sacerdote distinto pela doutrina, prudência e experiência. Entretanto, durante este período deve a Igreja Local rezar com frequência “pela eleição do bispo”, inclusivamente com a missa própria. O ofício do administrador cessa com a tomada de posse do novo bispo diocesano.
Na Diocese de Angra, até ao ano 2000, o Administrador Diocesano era escolhido a partir do Cabido da Catedral chamado também de Corporação Capitular, daí a figura do “vigário capitular”. Com a entrada em vigor do atual Código de Direito Canónico (1983), com a possibilidade de o Cabido deixar de ter as funções a eleição passa para este o Colégio de Consultores como é o caso na atualidade.
No século XX a Diocese de Angra foi governada em três períodos por um presbítero como Administrador Diocesano, conhecido como governador do bispado ou vigário capitular: Cónego António Maria Ferreira (1910-15) no conturbado tempo da I República, Dr. José dos Reis Ficher (1922-23) aquando da morte repentina de D. Manuel Damasceno da Costa e Dr. José Bernardo de Almada (1928) devido à transferência de D. António de Castro Meireles para Bispo do Porto, até à tomada de posse de D. Guilherme da Cunha Guimarães (1928). Semelhante função exerceu também D. Aurélio Granada Escudeiro, quando era bispo coadjutor de Angra, aquando da morte de D. Manuel Afonso de Carvalho, entre dezembro de 1978 e a sua nomeação com bispo residencial em junho em 1979, tal como D. João Lavrador, desde 21 de setembro a 27 de novembro de 2021.