Vaticano anuncia data oficial para publicação do documento
O Vaticano revelou hoje que a nova encíclica do Papa vai ser publicada a 18 de junho, um texto já anunciado pelo próprio Francisco que tem como temática central a ecologia.
“Para evitar confusões devido à difusão de informações não confirmadas, comunica-se que a data prevista para a publicação da esperada encíclica do Papa é o próximo dia 18 de junho, quinta-feira”, adianta uma nota oficial da sala de imprensa da Santa Sé.
A 15 de janeiro deste ano, o Papa disse que a sua próxima encíclica, sobre a ecologia, iria ser publicada entre junho e julho, ainda a tempo de pressionar a comunidade internacional para decisões corajosas na Conferência do Clima 2015, em Paris.
“A última conferência, no Peru [dezembro de 2014], desiludiu-me, esperemos que em Paris sejam um pouco mais corajosos. Penso que o diálogo entre religiões é importante, também neste ponto, e que estamos de acordo num sentimento comum”, referiu aos jornalistas, durante a viagem que o levou do Sri Lanka às Filipinas.
Até dezembro, em Paris, vão decorrer uma série de eventos destinados a definir um novo acordo climático global pós-2020, centrado na redução de emissões para limitar o aumento médio de temperatura em 2º.
“Em grande parte, é o ser humano, que dá chapadas à natureza, quem tem responsabilidade nas alterações climáticas. De certa forma, tornamo-nos donos da natureza, da mãe terra”, alertou o Papa, para quem “o homem foi longe demais”.
A encíclica é o grau máximo das cartas que um Papa escreve; entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), estando a decorrer um Sínodo sobre a Família, em duas sessões.
“Enviei o texto à Congregação para a Doutrina da Fé, à Secretaria de Estado e ao teólogo da Casa Pontifícia para que o estudem e eu não diga asneiras”, brincou o Papa, a respeito do processo de revisão destes documentos.
Francisco sublinhou que hoje há muitas vozes que falam das questões ambientais, elogiando o papel desempenhado pelo patriarca Bartolomeu I, de Constantinopla (Igreja Ortodoxa).
Já a 22 de abril, o Papa associou-se no Vaticano à celebração do Dia da Terra, pedindo respeito pela natureza para contrariar a exploração dos recursos naturais que compromete o futuro.
“Que a relação dos homens com a natureza não seja guiada pela cobiça, pela manipulação e a exploração, mas conserva a harmonia divina entre as criaturas e o criado, na lógica do respeito e do cuidado, para a colocar ao serviço dos irmãos, também das gerações futuras”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.
Francisco deixou ainda um apelo para que todos saibam “ver o mundo com os olhos de Deus Criador: a terra é o ambiente a proteger e o jardim a cultivar”.
Em novembro de 2014, durante a sua visita ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o Papa argentino recordou que a Europa sempre esteve na vanguarda do compromisso ecológico e da promoção de fontes alternativas de energia, “cujo desenvolvimento muito beneficiaria a defesa do meio ambiente”.
Nesse contexto, aludiu ao setor agrícola e sublinhou que “não se pode tolerar que milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares” são deitadas fora.
O patriarca de Lisboa já confessou ter “muita” expectativa em relação à encíclica que o Papa Francisco está a preparar, um tema que não diz respeito apenas a “insetos” ou “flores”, mas à pessoa.
“Às vezes parece que há muita atenção a tudo quanto seja inseto ou outro tipo de animal, flor ou planta, para ser tudo tal e qual como naturalmente é ou deve ser, mas no que diz respeito à fisiologia e ao corpo humano pode-se usar tudo aquilo que a técnica permitir para alterar a bel-prazer, por assim dizer”, afirmou D. Manuel Clemente, em entrevista à Agência ECCLESIA, antes de ser criado cardeal.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa defendeu uma “consideração ecológica da realidade é muito importante e muito bíblica” e tem de incluir a dimensão “exterior e interior”.
CR/Ecclesia