A propósito da Semana da Diocese e da Semana dos Seminários, D. António Sousa Braga emitiu uma Nota Pastoral que passamos a divulgar na íntegra.
Celebramos, de 7 a 14 de Novembro, a Semana da Diocese e dos Seminários. Com efeito, é no Domingo a seguir ao dia 3 de Novembro (data da criação da Diocese em 1534), que abrimos a Semana da Diocese com o Dia da Igreja Diocesana.
A chave da missão é a comunhão eclesial
É um momento especial de graça, para celebrarmos e revivermos o “nosso ser- Igreja”, nestas Ilhas, já lá vão quase cinco séculos. É uma oportunidade para tomarmos maior consciência da missão da Igreja e renovarmos o nosso empenhamento pela construção do Reino de Deus. A Igreja não existe em função de si mesma, mas para anunciar e testemunhar o Reino de Deus.
Foi o grande desafio que o Santo Padre lançou à Igreja em Portugal, na sua recente Visita Apostólica, que iniciou e terminou sob o signo da missão. De facto, em Lisboa o Papa recordou a gesta missionária de Portugal, iniciada com os Descobrimentos; e no Porto deixou o repto da missão hoje. A missão não é questão, tanto de espaços geográficos, quanto de estilo, que não pode ser senão o de Jesus. Importa que cada um de nós se converta a Cristo e ao Evangelho. Agindo em Igreja. Como muito bem assinalou o Papa, na Mensagem deste ano para o Dia Mundial das Missões: «a construção da comunhão eclesial é a chave da missão».
A Semana da Diocese oferece-nos a ocasião, para exprimirmos, celebrarmos e consolidarmos a comunhão, na mesma Igreja Particular. Estamos todos na mesma barca. Para chegarmos a bom porto, temos de remar em conjunto, colaborando uns com os outros. Também a nível económico. No momento de dificuldades para todos, a solidariedade e a partilha de bens têm de ser efectivas. Lembro, nesse sentido, que o ofertório do Dia da Igreja Diocesana (7 de Novembro) destina-se aos Serviços Centrais da Diocese. No ano passado, esse ofertório rendeu 15.204,28 Euros (quinze mil duzentos e quatro Euros e vinte e oito cêntimos).
Na circunstância da recente mudança de ecónomo, aproveito o ensejo para agradecer, por um lado, ao Pe. Manuel Carlos pelo serviço prestado à Diocese neste âmbito administrativo e, por outro, ao Pe. Adriano Borges, por ter aceite este grande desafio de conduzir a Diocese para uma 2ª etapa de reajustamento financeiro. A tarefa não é fácil. Mas não é impossível. Com a colaboração de todos. De pouco adiantaria celebrar Dias e Semanas da Diocese, se não for para nos darmos as mãos e procurarmos caminhar juntos.
Caminho sinodal da Igreja em Portugal
Também a nível da Igreja Universal e das Igrejas em Portugal. É o que propõe a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Com o intuito de envolver as forças vivas das Dioceses, na definição de algumas prioridades pastorais comuns, a nível de País. É o objectivo do Documento de Trabalho, divulgado pela CEP «Repensar Juntos a Pastoral em Portugal» (cf. Orientações Diocesanas de Pastoral 2010/2011, p. 5-13).
Para podermos acompanhar o calendário nacional de todo este processo de discernimento pastoral, as respostas ao Questionário, por parte dos Conselhos Pastorais de Ilha, dos Movimentos Eclesiais e do Serviços de Apoio à Pastoral devem chegar à Cúria Diocesana até ao Natal de 2010.
Algumas Ouvidorias já fizeram, há pouco tempo, uma análise da realidade social açoriana. Para essas, basta completar a análise com a perspectiva de uma leitura de fé dos sinais dos tempos. Trata-se de discernir o que é que o Espírito Santo está dizendo à Igreja, nas circunstâncias actuais da sociedade e da Igreja. O Espírito Santo é que é «o protagonista da missão». Deixando-se iluminar e guiar por Ele é que poderemos encontrar e percorrer os caminhos da «Nova Evangelização».
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos»
Hoje, como ontem, «a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos». Recomenda Jesus: «pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a Sua seara» (Lc. 10,). É o que nos propomos, nesta Semana dos Seminários, em que queremos, antes de mais, intensificar a nossa oração pelas vocações sacerdotais. Para a Diocese e para a Igreja Universal. Por outro lado, a nossa oração pelas vocações deve ser acompanhada pela acção em prol das vocações sacerdotais. Em cada Paróquia e nas Ouvidorias, nas Famílias e nos Movimentos, tem de haver a coragem da proposta vocacional e o cuidado do apoio aos vocacionados.
É o que espera o Papa, neste Ano Pastoral 2010/2011, que corresponde à caminhada de preparação para a XXVI Jornada Mundial da Juventude, que se vai realizar na cidade de Madrid, de 16 a 21 de Agosto de 2011, sob o lema da frase paulina: «Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (Col 2, 7).
Toda a proposta vocacional pressupõe uma caminhada de encontro pessoal com a Pessoa de Cristo. Como explica Bento XVI, «a fé cristã não é só crer em verdades, mas é antes de tudo uma relação pessoal com Jesus Cristo… Quando entramos em relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos a nossa identidade e, na sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Há um momento, quando somos jovens, em que cada um de nós se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade, que orientação lhe devo dar?… Neste contexto penso (de novo) na minha juventude – prossegue o Papa. De certa forma muito cedo tive consciência de que o Senhor me queria sacerdote. Mais tarde, depois da guerra, quando no Seminário e na Universidade eu estava a caminho para esta meta, tive que reconquistar esta certeza. Tive que me perguntar: é este verdadeiramente o meu caminho? É esta deveras a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de Lhe permanecer fiel e de estar totalmente disponível para Ele, ao Seu serviço? Uma decisão como esta deve ser também sofrida. Não pode ser de outra forma. Mas depois surgiu a certeza: é bem assim! Sim, o Senhor quer-me. Por isso, também me dará força…
«Amados jovens – remata o Papa – a Igreja conta convosco!… Ao longo deste ano preparai-vos intensamente para o encontro de Madrid… A qualidade do nosso encontro dependerá, sobretudo, da preparação espiritual, da oração, da escuta comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco… Que a Virgem Maria acompanhe esta caminhada de preparação» (Bento XVI, Mensagem para a XXVI Jornada Mundial da Juventude 2011)!
+ António, Bispo de Angra