O Papa Francisco assina hoje um texto na revista espanhola ‘Vida Nueva’ em que propõe um “plano para ressuscitar” a humanidade, após a pandemia de Covid-19, referindo que “ninguém se salva sozinho”.
“Se pudemos aprender alguma coisa neste tempo, é que ninguém se salva sozinho. As fronteiras caem, os murros derrubam-se e todos os discursos integristas se dissolvem, perante uma presença quase impercetível que manifesta a fragilidade de que somos feitos”, escreve.
O texto elogia todos os que, nestes tempos, foram capazes de “cuidar, sem colocar em risco a vida dos outros”, saudando médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores da limpeza, transportes, forças de segurança, voluntários, educadores e “tantos outros”.
O Papa realça que, se as autoridades ordenaram o confinamento, foram as pessoas que o tornaram possível, “conscientes da sua responsabilidade para travar a pandemia”.
“Vizinhos e familiares colocaram-se em marcha, com esforço e sacrifício, para ficar nas suas casas e assim travar a difusão” do novo coronavírus, assinala o pontífice.
Francisco diz que é necessário assumir “o impacto e as graves consequências” do momento que se vive, unindo a “família humana” numa resposta comum aos males que atingem milhões de pessoas em todo o mundo.
“A globalização da indiferença vai continuar a ameaçar e a tentar o nosso caminho. Queira Deus que nos encontre com os anticorpos necessários da justiça, da caridade e da solidariedade”, aponta.
Seremos capazes de atuar responsavelmente perante a fome de que tantos padecem, sabendo que há alimentos para todos?Continuaremos a olhar para o outro lado, com um silêncio cúmplice, perante as guerras alimentadas por desejos de domínio e de poder?
Estaremos dispostos a mudar estilos de vida que mergulham tantos na pobreza, promovendo e animando-nos a levar uma vida mais austera e humana, que possibilite uma divisão equitativa dos recursos? Adotaremos, como comunidade internacional, as medidas necessárias para travar a devastação do meio ambiente, ou continuaremos a negar as evidências? |
O artigo destaca a “força imparável” da fé e do serviço ao próximo, afirmando que “Deus nunca abandona o seu povo”.
A reflexão parte da fé cristã na ressurreição de Jesus Cristo, celebrada na Páscoa, uma proposta de “vida nova” para toda a humanidade.
O Papa recorda que, segundo os Evangelhos, as mulheres foram as primeiras a anunciar a ressurreição e o fizeram porque “foram capazes de colocar-se em movimento, sem se deixar paralisar pelo que estava a acontecer”.
Francisco deixa um convite à “alegria”, admitindo que possa parecer uma “provocação”, perante a situação vivida por milhões de pessoas, “Sempre que tomamos parte na Paixão do Senhor, que acompanhamos a paixão dos nossos irmãos, vivendo inclusivamente a própria paixão, os nossos ouvidos escutam a novidade da ressurreição: não estamos sós, o Senhor precede-nos no nosso caminhar, removendo as pedras que nos paralisam”, sustenta.comparando o sofrimento e as “graves consequências” que se vislumbram à “pedra do sepulcro”, que foi removida na Páscoa.
(Com Ecclesia)