Papa denuncia interesses que se escondem por trás da “violência generalizada”
O Papa denunciou hoje, em mensagem divulgada pelo Vaticano, os “interesses” que se escondem por trás “da violência generalizada e das guerras”, apelando ao fim dos conflitos.
“Nenhuma guerra vale as lágrimas de uma mãe que viu o seu filho mutilado ou morto; nenhuma guerra vale a perda da vida de um só ser humano, um ser sagrado criado à imagem e semelhança do criador; nenhuma guerra vale o envenenamento da nossa casa comum; e nenhuma guerra vale o desespero daqueles que são obrigados a deixar a sua pátria e são privados, de um momento para o outro, da sua casa e de todos os laços familiares”, alertou Francisco, numa mensagem aos participantes do VI Fórum da Paz de Paris, que se iniciou esta manhã.
A mensagem foi enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e foi lida na abertura dos trabalhos por D. Celestino Migliore, núncio apostólico na França.
“Que os compromissos assumidos favoreçam um diálogo sincero, baseado na escuta do grito de todos os que sofrem por causa do terrorismo, da violência generalizada e das guerras, flagelos que só beneficiam certos grupos, alimentando interesses particulares, infelizmente muitas vezes disfarçados de nobres intenções”, refere o Papa.
A mensagem denuncia o aumento dos conflitos armados, com “os consequentes sofrimentos, injustiças e danos – por vezes irreversíveis” sobre as pessoas e o meio ambiente.
“Que este encontro – cujo objetivo é reforçar o diálogo entre todos os continentes para promover a cooperação e o diálogo internacionais – possa contribuir para a construção de um mundo mais justo, unido e pacífico”, deseja o pontífice.
A paz duradoura constrói-se dia a dia, através do reconhecimento, do respeito e da promoção da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, entre os quais a Santa Sé reconhece particularmente o direito humano à paz, que é condição para o exercício de todos os outros direitos humanos”.
Evocando o 75.º aniversário da adoção da declaração universal dos Direitos Humanos, Francisco aponta ao “fosso persistente” entre os compromissos assumidos em 1948 e a realidade.
“Quantas pessoas, incluindo crianças, estão privadas do direito fundamental e primário à vida e à integridade física e mental, em consequência de hostilidades entre diferentes grupos ou diferentes países?”, questiona.
O Papa alude ainda às violações de direitos como a liberdade religiosa, a educação, a habitação, a alimentação ou a saúde.
“Quantas crianças são obrigadas a participar direta ou indiretamente nos combates e a carregar as cicatrizes físicas, psicológicas e espirituais para o resto das suas vidas?”, acrescenta.
Francisco defende que a paz “não se constrói com armas, mas através da escuta paciente, do diálogo e da cooperação”.
“Que as armas sejam silenciadas, para que a produção e o comércio destes instrumentos de morte e destruição sejam repensados e para que o caminho do desarmamento gradual, mas completo, seja resolutamente prosseguido”, conclui.
O VI Fórum da Paz de Paris decorre até sábado.
(Com Ecclesia)