Por Carmo Rodeia
Estamos perto do Natal. Haverá luzes, festas, árvores iluminadas, presépios, mas soa tudo mais ou menos a falso: o mundo continua em guerra, a fazer as guerras, e os homens não conseguem compreender o caminho da paz. O que parece ser uma inevitabilidade, pois ao longo da sua história o homem tem preferido priorizar as suas riquezas e imagino que, mesmo perdoando sempre, Deus deva ficar muito triste connosco.
Vem isto a propósito do “catálogo das virtudes necessárias” que o Papa apresentou este segunda feira, na habitual celebração de Natal, com os cardeais. Ao todo são 12 as virtudes, sempre acompanhadas da misericórdia que serve assim como uma espécie de “guia e farol” para vivermos este tempo de graça. E digo vivermos, porque o catálogo aplica-se a toda a igreja e portanto a todos nós, sem deixar de fora ninguém.
Cada ponto apresentado pelo Pontífice indica duas palavras que são virtudes, atitudes ou valores que se complementam e se destinam a todos que querem tornar fecunda a sua consagração ou o seu serviço à igreja.
“Missionariedade e pastoreio”; “idoneidade e sagacidade” para compreender e enfrentar as situações com “sabedoria e criatividade”; “espiritualidade e humanidade”, “racionalidade e amabilidade”, “fiabilidade e sobriedade”, “determinação” e capacidade de ser “cautelosos no juízo”, evitando “ações impulsivas e precipitadas”.
O discurso sublinhou a importância da “caridade e verdade”, da “exemplaridade e fidelidade”, da “prontidão”, “honestidade e maturidade” para quem tem responsabilidades na Igreja Católica.
Dirigindo-se especialmente aos membros da Cúria Romana, acrescentou, devem ser pessoas de “respeito e humildade”, alguém “generoso e atento”. Francisco falou, ainda, da importância da honestidade, ou seja “a retidão, a coerência e o agir com absoluta sinceridade”, mesmo perante as dificuldades e pediu uma vez mais perdão pelos escândalos e pelo sofrimento que algumas atitudes possam ter desencadeado.
Depois de no ano passado ter apresentado as 15 doenças da igreja, este ano apresenta as virtudes que devem nortear a conduta da igreja de forma a evitar “mais sofrimento”. Numa palavra, o Papa recomenda que “se volte ao essencial” e se aproveite este Ano Santo, que constitui “um forte apelo à gratidão, à conversão, à renovação, à penitência e à reconciliação”. A começar já neste período de graça que vivemos.
Acompanho, o Papa Francisco, como sempre! Na realidade, é inútil abrir todas as Portas Santas de todas as basílicas do mundo, se a porta do nosso coração está fechada ao amor, se as nossas mãos estão fechadas para dar, se as nossas casas estão fechadas para hospedar e se as nossas igrejas estão fechadas para acolher, como referiu o Papa.
O Natal é a festa da Misericórdia infinita de Deus. E a sobriedade é um estilo de vida. Perceber as duas seria uma forma inteligente de começar um novo ano.
Um Santo Natal para todos. Com menos luzes exteriores e berloques mas com mais simplicidade e Amor.