Historiadora desenvolve dimensão catequética e estética da pintura e da escultura ligadas ao ciclo da natividade.
O potencial narrativo das imagens na pintura e na escultura religiosas, quer numa perspetiva catequética quer numa dimensão mais estética, centrada no ciclo da Natividade, foi o tema central de uma conferência proferida por Isabel Albergaria, docente da Universidade dos Açores, que se realizou esta sexta feira no Recolhimento de Santa Bárbara, em Ponta Delgada, numa iniciativa conjunta do Museu Carlos Machado e da Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja, da Diocese de Angra.
A investigadora partiu da noção de que a arte religiosa é criada num contexto próprio em que a representação de textos sagrados “procura aprofundar a relação litúrgica dos fiéis com os conceitos cristãos” mas encerra também uma dimensão estética que se traduz em representações diversas marcadas por diferentes conceções sociais e culturais.
E, para isso, socorreu-se de várias obras de pintura e escultura, de pintores europeus, portugueses e até de obras que constituem o espólio regional, como o Arcano Místico ou a Adoração dos Magos de António de Oliveira Bernardes, que retratam episódios da Bíblia relacionados com a Natividade como a Adoração dos Pastores, a Adoração dos Magos, a Apresentação do menino no Templo, a Fuga para o Egipto, o Massacre dos Inocentes e a anunciação.
“A representação de caráter religioso sempre foi importante na liturgia católica embora tenham existido tensões entre sensibilidades iconófilas e outras iconoclastas , foi a primeira que vingou e por isso a Igreja sempre tirou partido desta dimensão catequética da arte”, referiu ao Portal da Diocese Isabel Albergaria.
Lembrando essa expressão de S.Boaventura de que as imagens “são a Bíblia dos Pobres” porque permitem uma compreensão mais rápida, Isabel Albergaria percorreu os vários momentos da história da Arte para ilustrar como as “narrativas visuais da palavra bíblica” foram construídas gerando múltiplas representações dos mesmos episódios, cumprindo cada uma delas uma função social e cultural, próprias do seu tempo.
Esta iniciativa insere-se no âmbito das “conversas” a Bíblia na literatura e nas artes.