Por Renato Moura
Outrora os adágios eram muito utilizados. Com origem na cultura popular, são a síntese do senso comum da comunidade. Ricos em ensinamentos, máximas e valores morais.
Nossa é a culpa de não os transmitir aos jovens. Alguns eram comuns a várias ilhas, outros específicos. Cremos que muitos seriam úteis para nossa reflexão, neste ano de tantas eleições e antecedentes promessas. Os aqui referidos são atribuídos a Flores e Corvo.
Falarão do passado, mas «Águas passadas não fazem andar moinhos». Discursarão, só que «Muito falar, pouco acertar» ou «Muito falar, muito errar». Papéis nos darão para ler e assim «Conforme fores lendo, assim irás vendo» e «Entende primeiro e fala derradeiro». Alguns impressionarão, pois, «Em terra de cegos quem tem um olho é rei» e às vezes acontece «Muita parra, pouca uva».
Ter-se-á considerado «Antes que cases olha o que fazes» e «Antes só que mal acompanhado»? Será que a técnica de alguns foi «Encosta-te à boa árvore, que boa sombra te cobre»? Mas a verdade é que «Dívidas e pecados cada um paga pelos seus» e «Cá se faz, cá se paga».
Nem sempre é fácil ver, mas «A verdade e o azeite vêm sempre ao de cima», e o provérbio ensina «A verdade, ainda que amarga, sempre se traga». Notar-se-á como «Cada um chega a brasa à sua sardinha», talvez pela razão de que «Guardado está o bocado pra quem no há-de comer».
Desde que se saiba encontrar, há «A boa lavadeira na ponta do pé lava» ou «Homem honrado, antes morto que injuriado» e os preocupados com «Mais obras e menos palavras». A cultura popular, com senso, explicou «Cada qual é que sabe onde lhe aperta a bota». O ditado reza «Mágoa contada é meia aliviada», outro dito é «Coitado de quem passa as dores» e para o evitar, lá vem a máxima «Antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça», pois a comunidade aprendeu e ensinou que, caso contrário, «Assim como fizeres, assim acharás».
Quem nada tiver aprendido do adágio «Antes morte que desonra», não se coibirá de muito prometer, pois «Não custa a dar beijos com a boca alheia» e «Do pão do meu compadre, grossa fatia ao meu afilhado». Outros ditos tradicionais avisam «Antes pouco e bom do que muito e mau», «Não há fartura que não traga fome» e «A riqueza tudo encobre; a pobreza tudo descobre».
Indispensável é pedir inspiração divina, pois «A quem não reza, não o ouve Deus» e ninguém se esquecer que «Homem avisado vale por dois». Para quem tem o hábito de votar sempre no mesmo, o remédio está no provérbio «Boca que diz sim, diz não» e «Não sabe governar quem a todos quer contentar».