Ana Miguel dos Santos, da Direção da Cáritas Diocesana de Lisboa e antiga deputada na Assembleia da República, sente o “apelo do Papa Francisco aos cristãos” para que se envolvam na política.
“Não podemos olhar para algo que altera o bem comum e continuar impávidos e serenos, sem querer mudar”, disse em entrevista à Agência ECCLESIA, no contexto do Dia da Implantação da República (5 de outubro).
Numa visita à sede da fundação ‘Scholas Occurrentes’, em Roma, a 20 de maio de 2021, o Papa Francisco disse que “a política é a forma mais alta, maior, da caridade”, e Ana Miguel dos Santos identifica-se “com essa caracterização”, que “envolve a preocupação com o bem comum”.
“Efetivamente, a forma de alterarmos as coisas é envolvermo-nos nelas”, assinalou a advogada.
A entrevistada desta quarta-feira no Programa ECCLESIA (RTp2, 15h00, menos uma hora nos Açores) esteve no Parlamento português na XIV Legislatura, entre 2019-2022, e diz que sente o apelo do Papa para que os cristãos tenham, na política, “uma atitude proativa e não só reativa, transformadora”.
“Há uma sensação de apatia, estamos a assistir, mas parece que estamos confortáveis e não temos de convencer o outro. acho que alguma coisa também tem de mudar dentro da Igreja ou sobretudo entre os cristãos de não terem esse receio: nós podemos ter cristãos em todos os quadros políticos”, realçou.
A antiga deputada, eleita pelo PSD, recorda uma experiência “muito desafiante” no Parlamento, porque coincidiu com o período da Covid-19.
“Nestas situações de emergência tenho vontade de reagir e de ajudar, procurei sempre estar junto daqueles que mais precisavam”, recordou a jurista, especializada em assuntos militares, que teve oportunidade de, desde o início, “fazer um apelo para que os militares estivessem pelo menos na coordenação de uma operação logística”.
A sua mensagem, recorda a entrevistada, foi “procurar trazer tranquilidade” em momentos de emergência e de desconhecimento, e “procurar trazer mensagem de responsabilização de cada um”.
“Quando está em causa o risco, situações de catástrofe natural, ou risco decorrentes da atividade do homem, aquilo que se pede às pessoas é uma resposta consciente e sobretudo de prevenção”, acrescentou.
Ana Miguel dos Santos, que desde sempre sentiu o “apelo” para a política por influência do pai, considera que “as pessoas não se sentem verdadeiramente representadas” pelos partidos políticos, o que tem levado a um aumento da abstenção.
A advogada faz parte da direção da , um “desafio” que surgiu “ainda antes de ser deputada”.
“Tenho essa vontade de ajudar a mudar, sobretudo ajudar as instituições também a adequar-se às novas realidades. Não basta estarmos confortáveis em casa, a criticar o outro… gostava de ver as pessoas mais envolvidas, tragam as críticas e vamos alterar por dentro”, desenvolveu.
Esta quarta-feira celebra-se o dia da implantação da República.
(Com Ecclesia)