Por Renato Moura
Roberta Metsola acaba de ser eleita Presidente do Parlamento Europeu. É maltesa. Malta é um país insular do sul da Europa, o mais pequeno da União Europeia, com apenas meio milhão de habitantes.
Com 43 anos, é licenciada em Direito, conservadora, deputada europeia apenas desde 2013, declaradamente antiaborto, foi eleita à primeira volta com 74% dos votos expressos, numa disputa entre três mulheres: ela do Partido Popular Europeu representando o centro-direita e conservador, uma espanhola das esquerdas unidas e uma sueca dos verdes.
Em 70 anos é apenas a terceira mulher a presidir ao PE. Nicole Fontaine terminou o mandato em 2002. Um parlamento com 705 deputados, representando cerca de 450 milhões de habitantes de 27 países.
Sabe-se dos problemas que afectam a União Europeia. Roberta Metsola mostrou-se consciente do desafio, reconhecendo que o projecto “tem de ser mais justo e igualitário” e declarando “Em toda a Europa, nos próximos anos, vão olhar para nós à procura de liderança e outros vão continuar a testar os limites dos nossos princípios democráticos europeus”. Deixou como rumo “Defender a Europa e os nossos valores comuns de democracia, dignidade, justiça, solidariedade, igualdade, Estado de direito e direitos fundamentais”. Esse trabalho, concretizado, muito contribuirá para o sucesso europeu e participação na realização da humanidade.
É a terceira instituição europeia liderada por uma mulher. A Comissão Europeia é presidida pela alemã Ursula von der Leyen e o Banco Central Europeu é liderado pela francesa Christine Lagarde.
É forçoso, mas salutar, reconhecer os avanços registados na luta secular das mulheres pelo reconhecimento dos seus direitos. Fiquemos com mais estas declarações de Roberta Metsola: “Sei que estou aqui a apoiar-me nos ombros de gigantes” e “Estou apoiada por milhões de mulheres, sem nome, que lutaram por nós e que não tiveram as mesmas oportunidades”.
É enorme o sucesso actual, de inúmeras mulheres, na liderança de instituições de variados níveis e na política. Comprovado ao nível internacional, nacional e açoriano.
Pena é não ser ainda assim em todo o mundo. Tem de persistir como a luta secular a empreender, não só pelas mulheres, como com tamanho resultado o fizeram. Também pelos homens, principalmente pelos responsáveis das nações e das instituições, maiores ou mais pequenas. Para que as mulheres pulem e avancem, concretizando o sucesso. Também em nome e em defesa dos milhões de mulheres do mundo sem acesso aos direitos, sequer ao ensino e à cultura.