Mini Cursilho de Cristandade reúne 150 pessoas em Ponta Delgada

Movimento está a assinalar 50 anos de vida na maior ilha do arquipélago.

O Movimento dos Cursos de Cristandade (MCC) da Diocese de Angra já realizou, em meio século de presença nos Açores, 373 cursilhos, 189 masculinos e 184 femininos, e isso “é um sinal que os cristãos açorianos têm sido capazes de viver os seus ideais”, disse esta sexta feira ao Portal da Diocese o Presidente do Secretariado Nacional do MCC.

 

Saúl Quintas está em Ponta Delgada, juntamente com o assistente espiritual do Movimento, Cónego Senra Coelho e a reitora do Mini-Cursilho que assinala a comemoração dos 50 anos de vida deste movimento em São Miguel, Rosa Maria Raimundo, secretária do Organismo Mundial do MCC.

 

Os trabalhos decorreram esta sexta feira, no Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada e reuniram 150 cursilhistas repartidos entre cursilhistas individuais e casais.

 

A manhã foi preenchida por uma reflexão conjunta sobre o significado da partilha e da comunhão e a relação de cada um com Deus.

 

“A vida Cristã é como uma subida à montanha, regista várias etapas e é preciso que cada um de nós faça um exame de consciência permanentemente para sabermos em que patamar estamos nesta caminhada, quer enquanto indivíduos quer enquanto casais”, sublinhou o Cónego Senra Coelho.

O recém nomeado Bispo Auxiliar de Braga desenvolveu uma reflexão sobre o papel dos leigos na vida da Igreja e a responsabilidade de cada um na construção da vida em sociedade, sublinhando a importância de “uma reforma pessoal” na relação entre “eu e Deus”.

 

A partir da experiência na Arquidiocese de Évora, que tal como todo o Alentejo “é uma espécie de laboratório do laicismo”, “pernicioso e intolerante” para a igreja, o até agora vigário forâneo da Vigararia de Évora e o moderador da Zona Pastoral Centro/sul da Arquidiocese de Évora, elogiou o papel dos leigos que todos os dias trabalham em nome de Igreja, movidos por uma fé “adulta e esclarecida”, chegando onde os sacerdotes já não chegam.

 

Francisco Senra Coelho alertou para o facto de hoje os cristãos serem cada vez mais “uma minoria” num contexto de dificuldades e, por isso, ser necessário que os cristãos “cresçam na sua fé”.

 

“Temos mais paróquias do que sacerdotes e os leigos devem preparar-se para um papel mais ativo. Apesar de nos Açores a situação ainda não ser assim é bom que se preparem porque não serão poupados a esta laicidade”.

 

O novo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga exortou os cursilhistas a “subir a tal montanha”, composta por várias etapas que devem ser avaliadas “permanentemente” com vista a um propósito: “aproximarmo-nos da vida de cristo”.

 

“Quanto mais esclarecida for a nossa fé mais nos aproximaremos da perfeição e da santidade” disse Senra Coelho, lembrando que mais de meio século volvido é possível dizer que os “cursos de cristandade têm procurado humanizar os ambientes humanos na sedimentação desta fé”.

E hoje isso ainda é mais visível, diz o assistente espiritual do MCC

 

“Às vezes experimentamos desumanização, a pessoa humana é colocada em segundo lugar, depois das preocupações económicas, do lucro e da eficácia e isso cria um problema às sociedades sobretudo junto de grupos mais desfavorecidos. Os cursos de cristandade têm uma preocupação de evangelizar os ambientes, não no sentido de levar para lá mensagens, mas de permitir que quem faça um curso perceba o valor da morte de cristo por amor aos homens”, diz Francisco Senra Coelho.

 

“É esta experiência de humanidade e de humanização, valorizando o outro, que está presente e subjacente aos cursos de cristandade” , conclui.

 

Uma ideia partilhada também pelo Secretário Nacional do MCC, que recorda a vitalidade e os propósitos deste movimento católico.

 

“As sociedades de hoje convidam o homem e a mulher a viverem um cristianismo muito isolado. Através dos cursilhos, e essa é a nossa proposta, aprendemos a partilhar e julgo que quem os frequenta consegue depois na sua família, no local de trabalho, onde quer que esteja, desenvolver sentimentos de partilha e de comunhão de uma forma mais natural. Assim ajudaremos a cumprir uma sociedade mais solidária e mais fraterna que é afinal o grande objetivo do cristão”, disse ao Portal da Diocese Saúl Quintas.

 

O Movimento está em Portugal há 54 anos e já formou 120 mil pessoas. Só na Diocese de Lisboa já se organizaram mil cursilhos. Nos Açores o Movimento está presente em São Miguel e na Terceira, que no ano passado comemorou o seu meio século de vida, com a realização de uma Ultreia Nacional, a primeira realizada fora do território continental.

O MCC é um movimento católico de cariz ambiental  e por isso, o apelo do Papa Francisco à cultura do encontro é “familiar”.

 

“É o que nós procuramos fazer todos os dias: partimos ao encontro, na família, no trabalho, na vida,  dando testemunho, assumindo-nos, levando a mensagem e dizendo que há um projeto para sermos felizes que nos é proposto… eu às vezes digo que as pessoas estão a três dias de encontrarem a felicidade, que é passar por um cursilho”, remata Saúl Quintas, sublinhando que “o cursilho não muda a pessoa; as pessoas é que sentem necessidade de mudar”.

 

O mini cursilho de São Miguel terminou com uma eucaristia.

Reflexão conjunta sobre o significado da partilha e da comunhão e a relação de cada um com Deus
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