“Queridas crianças, a vossa presença aqui é um sinal que vai direto ao coração de todos nós, adultos” – Francisco
O Papa Francisco esteve hoje com mais de seis mil crianças no Vaticano e disse que os mais novos “recordam como a vida é bela na sua simplicidade”, dialogando depois com os participantes, provenientes dos vários continentes.
“Precisamos aprender convosco. Fico sempre feliz quando vos encontro, porque ensinam algo novo. Vocês recordam-me como a vida é bela na vossa simplicidade e ensinam também como é bom estarmos juntos! Essas são duas grandes dádivas que Deus nos concedeu: estar juntos com simplicidade”, disse o Papa.
O encontro mundial ‘As crianças encontram o Papa’, com o tema ‘Aprendamos com as crianças’, que reuniu esta tarde “mais de seis mil” meninos e meninas, dos 7 aos 12 anos, de 84 países,na Sala Paulo VI, foi anunciado por Francisco após a recitação do ângelus do dia 1 de outubro, no Vaticano.
“Vocês vieram de todas as partes do mundo, precisamente como muitos irmãos que se reúnem numa grande casa. É a grande casa que Jesus nos deu, a Igreja é a casa da família; vocês são uma coisa maravilhosa, maravilhosa, avancem. Pensamos em tantas crianças que estão a sofrer, mudanças climáticos, fome, guerra, a pobreza. Há pessoas que fazem mal, que fazem a guerra, que destrói: vocês querem fazer o mal? ‘Não’, vocês querem ajudar? ‘Sim’”, desenvolveu o Papa no discurso, que não concluiu para passar às perguntas das crianças.
O Papa Francisco respondeu a várias perguntas sobre ambiente, a Casa Comum, o desperdício, a guerra e a paz e foi questionado por crianças e adolescentes de vários países dos cinco continentes sobre as razões porque “matam crianças durante a guerra e ninguém as defende” e também sobre temas mais pessoais, como com por exemplo o que é que sonha à noite, quem são os seus amigos, como passa o tempo durante o dia.
“É uma pergunta muito difícil como se faz a paz, não é fácil dizer, como se faz a guerra é mais fácil – com ódio, vingança e magoar o outro, e isso é o instinto. Vamos pensar um minuto como se faz a paz, em silêncio. Não há um método, há um gesto: a paz faz-se com a mão estendida, a mão da amizade estendida, sempre tentando envolver as outras pessoas”, afirmou, realçando que “a paz se faz com o coração e mão estendida”.
Francisco, pediu um momento de silêncio para pensarem “nas muitas crianças mortas na guerra”, e afirmou que “a voz das crianças é necessária” e devem fazer com que os adultos as oiçam, porque “as crianças são mensageiros de paz”.
Sobre o ambiente, por exemplo, e o tempo “tão quente” no outono, uma pergunta “muito importante”, o Papa lamentou que as pessoas não cuidam “da criação, da natureza” e é preciso “cuidar porque a natureza é o futuro”.
“Estou muito preocupado, está-se a estragar a natureza, no polo norte o gelo está a derreter, no polo sul caiu uma massa de 200 quilómetros de gelo, a terra está mais quente, os mares estão a subir; existem muitos peixes, mas nós atiramos muito lixo para o mar. Estou muito preocupado com a natureza, todos devemos estar muito preocupados. Vocês também devem estar preocupados com a natureza”, desenvolveu.
No final da intervenção, onde fizeram um gesto de paz, Francisco e os participantes do evento ‘As crianças encontram o Papa’, em silêncio, rezaram “todos juntos”, seguindo-se a bênção papal com o convite a pensarem “na família, em todos que desejam que chegue esta bênção”.
O Papa recebeu de algumas crianças lembranças representativas e desenhos dos vários continentes, e esses meninos e meninas levaram globos terrestres e o livro ‘A encíclica das crianças. Reeducar o mundo dos adultos’, com prefácio assinado por Francisco, enquanto o coro cantou ‘We Are The World’ (Nós somos o mundo); depois, percorreu a Sala Paulo VI, cumprimentou crianças, adolescentes e adultos, deu autógrafos e distribuiu abraços.
Antes da chegada do Papa as crianças tiveram animação e vários apontamentos musicais, com o Coral Antoniano, com a cantautora italiana Erica Boschiero e o cantor ‘Mr. Rain’, autor de ‘Supereroi’ (Super Heroi), que esteve pela primeira vez com o Papa.
Este encontro foi patrocinado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, presidido por D. José Tolentino Mendonça, organizado em parceria com a Comunidade de Sant’Egidio, a Cooperativa Auxilium, as empresas Trenitalia e Busitalia, Escritórios Escolares Regionais, e o apoio do mundo franciscano, da Fundação PerugiAssisi e da Federação Italiana de Futebol.
O cardeal português, nas palavras de acolhimento, antes da chegada do Papa, afirmou que este encontro ia ser “um grande momento de alegria”, e que estavam ali para “aprender” com as crianças, lembrando que “o mundo está a viver um momento muito, muito difícil”, onde tantos meninos e meninas, como eles, “sofrem da pobreza, sofrem da guerra”.
“Vocês e a vossa alegria, os vossos sonhos, a vossa presença aqui, são um potente antídoto contra este mal. Ajudam o mundo a ser melhor; Um grande poeta da minha terra, Portugal, chamado Fernando Pessoa, escreveu um poema intitulado ‘Liberdade’: «Grande é a poesia, a bondade e as danças / Mas o melhor do mundo são as crianças»”, desenvolveu D. José Tolentino Mendonça, concluindo que estas crianças vão recordar-se deste encontro, quando forem “grandes” como “uma das coisas mais luminosas da infância”.
Portugal esteve representado neste encontro mundial por Tomás Adrego, de 12 anos de idade, natural de Santa Maria da Feira (Diocese do Porto); o jovem, que faz parte do Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC), estava “feliz e entusiasmado para viver esta experiência única”.
(Com Ecclesia e Vatican News)