Dia nacional e dia diocesano da instituição assinalados este domingo em São José, Ponta Delgada
A Cáritas diocesana registou um “aumento significativo” no número de pedidos de ajuda nestes primeiros três meses do ano anunciou a presidente da instituição, Anabela Borba, ao programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo depois do meio-dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, no dia em que se assinala o Dia Nacional e diocesano da Cáritas.
“São mais de três mil famílias que são apoiadas pela Cáritas, e no inicio deste ano, tivemos um aumento muito significativo do número de pedidos de ajuda, sobretudo de pessoas que já não conseguem comprar alimentos e pagar os empréstimos bancários” refere Anabela Borba.
“Todos os dados apontam para um aumento de pobreza e, sendo os Açores a região mais pobre estas dificuldades são cada vez maiores” refere a presidente da Cáritas diocesana.
“Muitas destas pessoas que começaram a procurar-nos trabalham; têm salários baixos e precisam de mais alguma coisa. É óbvio que todos temos de trabalhar para desenvolver competências de modo a que estas pessoas não dependam das ajudas mas, na verdade, neste momento, precisam de ajuda de emergência” refere a dirigente salientando as “altas taxas de juro” e a Inflação “que não dá mostras de abrandar”.
“Temo que a situação se comece a agudizar este ano e no próximo: as taxas de juro continuam muito altas e ainda não há sinal de que a situação possa inverter-se; a inflação é muito alta. Dentro dos próximos dois anos antecipamos muitas dificuldades: para quem não tem emprego será dramático, para quem tem baixos rendimentos não será suficiente”, afirma.
“Quando estamos a falar de acesso a coisas essenciais, a resposta é de emergência e não pode ser outra” sublinhou lembrando que há muito tempo a Cáritas vem desenvolvendo formação para garantir a progressiva autonomia das pessoas, sobretudo na ilha Terceira onde existem vários programas de valorização pessoal e profissional de jovens.
Esta semana nacional, a Cáritas promoveu o seu peditório anual, do qual depende a sua principal fonte de receita. Em algumas ilhas, este peditório é feito a partir da recolha de géneros alimentícios.
“O peditório é sempre uma das grandes fontes de financiamento, mas percebemos que o que recolhemos não será suficiente para respondermos a todas as necessidades” destaca Anabela Borba.
“Temos de levar os nossos recursos ao limite; este é o tempo em que temos de nos mobilizar e mobilizar os fundos que estão nas gavetas, porque estamos com muitas dificuldades. Temos de ir além daquilo que consideramos ser razoável e confortável” diz ainda.
“É o tempo de nos reinventarmos e ir para além dos nossos limites; é na dificuldade que devemos reinventar-nos e transformar-nos” acrescenta lembrando que estamos “na Quaresma que é tempo de conversão”.
A dirigente diocesana da Cáritas aponta para a mensagem da Quaresma do bispo de Angra para deixar um apelo a todas as comunidades cristãs: “se cada uma das nossas comunidades encontrasse forma de apoiar de forma sistemática duas ou três famílias tudo seria mais fácil”.
“Temos de partilhar alguma coisa daquilo que temos para dar conforto a quem tem mais dificuldades” disse sublinhando que “seriamos um sinal muito concreto para a nossa sociedade até porque, apesar das dificuldades, ainda conseguimos responder às necessidades de quem nos procura”.
Nesta entrevista, que assinala o Dia da Cáritas, sob o lema “Cáritas: o amor que transforma”, Anabela Borga lembra que o apelo é “feito às 9 ilhas” já que “todos temos capacidades para transformar a vida dos outros; somos instrumentos de Deus e, por isso, munidos do seu amor conseguirmos amar os outros”.
A entrevista à presidente da Cáritas diocesana vai para o ar este domingo depois do meio-dia, na Antena 1 Açores e no rádio Clube de Angra.