Papa aprovou milagre atribuído à intercessão da futura santa
O Papa Francisco vai proclamar como santa a Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), depois de ter aprovado um milagre atribuído à intercessão da beata, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé.
A data para a cerimónia de canonização da vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1979 vai ser decidida num próximo consistório (reunião de cardeais) ordinário para votar esta e outras causas.
A sala de imprensa da Santa Sé revela que o Papa aprovou este segundo milagre e autorizou a publicação do decreto na tarde desta quinta-feira, dia em que celebrava o seu 79.º aniversário natalício.
A Congregação para a Causa dos Santos (santa Sé) concluiu em julho deste ano as investigações sobre a cura miraculosa de um homem brasileiro, de 35 anos, afetado por uma grave doença no cérebro, que se curou de uma forma tida como inexplicável.
Francisco tem citado por diversas vezes a figura da Madre Teresa, que “no silêncio soube escutar e fez muito”; a 19 de novembro, durante a homilia matinal, contrapôs os traficantes de armas aos “trabalhadores da paz”, que dão a sua vida para ajudar uma pessoa que seja, como a Beata Teresa de Calcutá.
Já em setembro, recordando o aniversário da morte da futura santa, Francisco observou que o exemplo de vida desta religiosa mostra que “a misericórdia de Deus é reconhecida” nas obras de cada um.
Ganxhe Bojaxhiu, a Madre Teresa, nasceu em Skopje (Macedónia), pequena cidade com cerca de vinte mil habitantes então sob domínio otomano, a 26 de agosto de 1910, no seio de uma família católica que pertencia à minoria albanesa, no sul da antiga Jugoslávia.
A 25 de dezembro de 1928 partiu de Skopje rumo a Rathfarnham, na Irlanda, onde se situa a Casa Geral do Instituto da Beata Virgem Maria, para abraçar a Vida Religiosa, com o ideal de ser missionária na Índia.
Acabou depois por embarcar rumo a Bengala, passando por Calcutá até Dajeerling, numa casa da Congregação fundada pela missionária Mary Ward, onde escolheu o nome de Teresa.
Madre Teresa absorveu o estilo de vida bengali e, posteriormente, transmitiu-o às suas religiosas, quando fundou as Missionárias da Caridade.
O seu trabalho nas ruas de Calcutá centrou-se nos pobres da cidade que morriam todas as noites, vestida com um sari branco, debruado de azul, a imagem com que o mundo se habituou a vê-la.
Rapidamente as Missionárias da Caridade chegaram a milhares de religiosas em 95 países.
Quando visitou a Índia, em 1964, Paulo VI recebeu pessoalmente Madre Teresa e 22 anos depois João Paulo II incluiu, no programa da viagem apostólica àquele país, uma visita à «Nirmal Hidray» – a “Casa do Coração Puro” – fundada pela religiosa e conhecida, em Calcutá, como a “Casa do Moribundo”.
A futura santa esteve três vezes em Portugal, a acompanhar os primeiros passos da Congregação das Missionárias da Caridade.
A religiosa faleceu a 5 de setembro de 1997, na casa geral da congregação que fundou, em Calcutá, aos 87 anos de idade.
Foi beatificada por João Paulo II a 19 de outubro de 2003, depois de o Papa polaco ter autorizado que o processo decorresse sem esperar pelos cinco anos após a morte exigidos pela lei canónica.
CR/Ecclesia