Por Renato Moura
As eleições para o Parlamento Europeu serão em finais de Maio. Em Portugal já originaram muitas notícias sobre polémicas: entre partidos, dentro de partidos, principalmente sobre as escolhas dos candidatos. Tornou-se por demais evidente que a busca de um bom resultado não tem principalmente a ver com o projecto comunitário, mas com a afirmação eleitoral de cada partido, que os catapulte nas próximas eleições para a Assembleia da República.
Nas eleições europeias regista-se a maior abstenção; os eleitores têm dificuldade em distinguir o que está em causa nas escolhas. O ambiente que se vive não prenuncia que as campanhas venham a ser esclarecedoras. A desinformação grassa e os meios de comunicação social focam-se mais nas guerrilhas pessoais, em vez de promover um esclarecimento ao nível da literacia dos eleitores, que lhes permita votar de forma informada e segura.
Alegando a preocupação de garantir eleições europeias livres e justas, o Conselho Europeu adoptou medidas para proteger o processo eleitoral de 2019 de manipulações e interferências, por parte de quaisquer intervenientes. As conclusões do Conselho apelavam aos Estados-Membros e às instituições da UE, no sentido de, designadamente, se “reforçar a comunicação estratégica sobre as políticas e os valores europeus”, se “detectar e denunciar a desinformação em diferentes redes sociais e suportes digitais”, se “aumentar a resiliência dos cidadãos, promovendo e apoiando a literacia mediática e digital”, ou, entre outras, se “promover acções de sensibilização destinadas a proteger a integridade do processo eleitoral”.
O movimento católico internacional “Pax Christi”, que inclui o secretariado português, acaba de apelar para a manutenção de um projecto comunitário que se funde na solidariedade e de alertar que “políticos com programas nacionalistas e populistas rejeitam a ideia de diversidade e cooperação europeia, em vez de permanecerem abertos e tolerantes e de enfrentar os desafios europeus de forma conjunta, como é necessário”.
O “Pax Christi” convida os candidatos e cidadãos a “escolher um projecto europeu renovado baseado na solidariedade, na fraternidade e na paz”, releva a importância de manter valores fundamentais como sejam o respeito pela dignidade e direitos humanos, a democracia, a educação para a paz, a defesa do ambiente, o desenvolvimento sustentável.
O desafio está lançado. Cabe a cada qual esclarecer-se agora, evitar a manipulação eleitoral e votar, para evitar que se agudize a crise do projecto comunitário.