Luís Mendes Cabral é o novo presidente da Delegação da Associação de Médicos católicos na diocese de Angra

Bispo de Angra nomeia nova direção, que hoje tomou posse no Hospital do Santo Espírito, na ilha Terceira

Foto: Igreja Açores/JJR

O Anestesiologista Luís Mendes Cabral é o novo presidente da Delegação da Associação dos Médicos Católicos Portugueses na diocese de Angra, nomeado pelo bispo D. Armando Esteves Domingues, esta sexta-feira, dia de São Lucas, padroeiro dos médicos.

Fazem ainda parte da direção como vice-presidente Paula Costa Gonçalves; Maria Horta Lopes como secretária;  Maria Amália Bettencourt, como tesoureira e Lisandra Martins, Maria de Fátima Azevedo e José Manuel Dias Pereira como vogais.

O assistente diocesano da Associação é o padre José Júlio Rocha, Vigário Episcopal para o Clero.

A Associação dos Médicos Católicos (AMCP) foi criada em 1915 no Porto. Nos Açores existe há relativamente pouco tempo. É uma associação sem fins lucrativos, “que procura meios de fomentar no seu interior um são ambiente de solidariedade humana e fraternidade cristã, projetando-se para o meio social em que se situa”, pode ler-se no site da organização.

A missão da AMCP “é a definição e a difusão de princípios orientadores das atividades ligadas a saúde à luz da fé cristã, partindo da análise dos problemas que derivam do exercício concreto da medicina, nos quais incide a reflexão e se fundamenta a experiência dos seus associados”, lê-se ainda.

A tomada de posse dos novos membros ocorreu esta tarde, altura em que também foi apresentado o primeiro projecto da direção, a obra de requalificação da sala de culto do Hospital do Santo Espírito à qual a Associação quer dar um cunho de capela com uma dignidade diferente.

“Um dos projectos que queremos desenvolver é o da renovação da Capela que atualmente se circunscreve a um espaço- sala de culto- idêntico a todas as outras salas do hospital mas sem grandes condições de acolhimento, atendendo sobretudo à sua função” refere o médico Luís Mendes Cabral, responsável da Associação.

“Queremos dar outra dignidade a este espaço que é frequentado quer pelos profissionais de saúde quer pelos doentes e seus familiares”, esclarece  sublinhando que o projecto já está executado e devidamente orçamentado e que será feito de forma faseada, em função das disponibilidades financeiras. Será um investimento da Associação, que não tem atividades lucrativas, e que por isso depende dos donativos que vierem a ser feitos.

A intervenção  prevê a criação de uma estrutura de madeira que escurecerá o espaço, “para um maior recolhimento”, jogando com “um sistema de iluminação novo” que “em alturas de recolhimento será mais escuro e nas celebrações se tornará mais claro”, refere ainda o médico.

“O que queremos é que as pessoas se sintam num espaço mais identitário, desenhado e pensado a partir da própria toponímia do Hospital que se chama Hospital do Santo Espírito”, refere ainda adiantando que o altar, em basalto, terá um sacrário e sobre ele o símbolo do Espírito Santo, ambos em destaque em toda a sala.

“A concordata prevê que os católicos tenham um espaço celebrativo próprio dentro de cada espaço de saúde;  nós iremos ter em consideração que a sala poderá ser utilizada por outras confissões religiosas mas procurando garantir que fica salvaguardado o respeito pela simbologia e identidade cristã”, refere ainda o médico lembrando que o projecto prevê a possibilidade de uma tela descer para tapar esses símbolos caso seja necessário celebrar noutro credo.

“O próprio logotipo do Hospital para isso nos remete” enfatiza recordando que o Espírito Santo é uma marca identitária dos Açores e dos Açorianos.

Foto: Imagem do Projecto final, constante no projecto de arquitectura

O projecto foi desenvolvido por um Gabinete de Arquitectura especializado em espaços religiosos, que desenvolveu o desenho e o mapa de obras. A primeira fase está paga, asseguram o médico. A segunda fase “é a angariação de fundos” que forma a que a Associação possa ir concretizando o projecto, ainda que de forma faseada.

Depois da apresentação do projecto houve ainda tempo para uma breve dissertação sobre a carta Samaritanus Bonus- sobre o cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida, publicada pela  Congregação para a Doutrina da Fé divulgou, em setembro de 2020.  O texto parte da imagem do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 30-37) e apresenta reflexões e aprofundamentos sobre os temas do acompanhamento e cuidado dos doentes do ponto de vista teológico, antropológico e médico-hospitalar, focando algumas questões éticas relevantes, implicadas na proporcionalidade das terapias e no que diz respeito à objeção de consciência e acompanhamento pastoral dos doentes terminais, como a  eutanásia, o suicídio assistido , o encarniçamento terapêutico e disposições gerais sobre o fim da vida.

O texto aponta para o cuidado da vida como a primeira responsabilidade que o médico experimenta no encontro com o doente e que não se limita à capacidade de curar o doente, sendo o seu horizonte antropológico e moral muito mais amplo, isto é, quando a cura é impossível ou improvável, o acompanhamento do médico do ponto de vista psicológico e espiritual, é um dever imprescindível, já que o oposto constituiria um desumano abandono do doente. 

Por outro lado, o documento fala que reconhecer a impossibilidade de curar, na perspectiva próxima da morte, não significa o fim do agir médico e dos enfermeiros: “Exercitar a responsabilidade para com a pessoa doente significa assegurar-lhe o cuidado até o fim: «curar se possível, cuidar sempre (to cure if possible, always to care)».

O texto foi apresentado pelo médico, padre Miguel Cabral, autor do livro A Experiência do limite humano- Testemunho pessoal em tempo de Covid”, lançado ontem em Angra.

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