O Papa pediu hoje em Lisboa que os jovens “não tenham medo” da vida, falando aos 1,5 milhões de participantes na JMJ 2023, durante a Missa do envio, último evento central do encontro.
“Ele [Jesus] diz-lhes hoje, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: não tenham medo! Não tenham medo, animem-se, não tenham medo!”, referiu, na homilia da celebração, sublinhada com uma salva de palmas dos peregrinos dos cinco continentes.
Francisco destacou a “bonita” experiência da JMJ, iniciada na última terça-feira, e quis deixar uma pergunta aos jovens: “Que levamos connosco?”.
O Papa respondeu a esta pergunta com três verbos, a partir do relato da transfiguração de Jesus – “resplandecer, ouvir, não ter medo” -, com especial destaque para a última expressão.
A intervenção, em espanhol, voltou a ser largamente improvisada pelo Papa – à imagem do que tem acontecido nos últimos dias -, em volta do apelo “não tenham medo”, uma expressão que se repete nos Evangelhos.
Francisco destacou que esse imperativo se dirigia a cada um dos participantes: “A vocês, jovens, que viveram esta alegria, podemos dizer esta glória – porque algo de glória tem este encontro entre nós-; a vocês, que cultivam sonhos grandes, mas às vezes ofuscados pelo medo de não os ver realizados; a vocês, que às vezes pensam que não serão capazes – de vez em quado mete-se em nós um pouco de pessimismo”.
“A vocês, jovens, tentados neste tempo pelo desânimo, pela ideia de se julgarem fracassados, talvez, ou por tentar esconder a dor com um sorriso; a vocês, jovens, que querem mudar o mundo – e é bom que queiram mudar o mundo –, a vocês que querem mudar o mundo e lutar pela justiça e a paz; a vocês que colocam vontade e criatividade na vida, mas parece não ser suficiente; a vocês, jovens, de que a Igreja e o mundo precisam, como a terra precisa da chuva; a vocês, jovens, que são o presente e o futuro. Sim, precisamente hoje, Jesus diz: não tenham medo! Não tenham medo!”.
Francisco pediu que cada um, em silêncio, repetisse no seu coração estas palavras: “Não tenham medo!”.
“Queridos jovens, gostaria de poder olhar cada um de vocês nos olhos e dizer: não tenham medo! Não tenham medo!”, insistiu.
“Digo-lhes algo ainda mais bonito: já não sou eu, é Jesus que está a olhar para vocês, está a olhar. Ele conhece cada um, conhece o coração de cada um de vocês, conhece a vida de cada um. Conhece as alegrias, conhece as tristezas, os sucessos e os fracassos”.
O Papa lembrou que Jesus rompeu com a imagem de um “messias poderoso, mundano” e que o momento da transfiguração, “um banho de luz”, prepara os discípulos “para a noite da Paixão”.
“Amigos, queridos jovens, também hoje precisamos de algo de luz, uma centelha de luz que seja esperança para enfrentar tantas escuridões que nos assaltam na vida, tantas derrotas quotidianas”, apontou.
“Jesus é a luz que não se apaga, a luz que brilha onde é noite”, acrescentou.
Francisco advertiu que ninguém se torna “luminoso” quando se coloca “debaixo dos holofotes” ou apresenta uma “imagem perfeita”, “forte”.
“Brilhamos quando, acolhendo Jesus, aprendemos a amar como Ele. Amar como Jesus, isso faz-nos luminosos, faz de nós obras de amor”, sustentou.
O Papa falou ainda do verbo “escutar”, considerando que ouvir Jesus representa “tudo o que se deve fazer na vida”.
“Escutar Jesus, o segredo está aí, escutar o que de diz Jesus”, prosseguiu, recomendando que cada jovem possa pegar no Evangelho para encontrar “palavras de vida eterna”
“Ele revela que Deus é Pai, é amor, Ele revela-nos o caminho do amor”, precisou.
A homilia advertiu para “caminhos que parecem ser do amor”, mas que no fim são “egoísmos disfarçados de amor”.
Simbolicamente, o Papa entrega uma Cruz da JMJ 2023 a jovens dos cinco continentes, como sinal de envio missionário.
Francisco chegou ao altar em cadeira de rodas e ocupou a cadeira da presidência; a celebração no altar foi confiada a D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, devido aos problemas que têm afetado o Papa nos últimos anos.
A celebração, que reuniu 1,5 milhões de pessoas, foi concelebrada por 700 bispos e 10 mil sacerdotes.
Lisboa recebeu desde terça-feira a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em território português, com a presença de centenas de milhares de participantes dos cinco continentes.
Portugal é o 13.º país a acolher este encontro internacional de jovens promovido pela Igreja Católica, sob a presidência do Papa.
Até hoje houve 15 edições internacionais da JMJ – que decorrem de forma alternada com celebrações anuais em cada diocese católica: Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016), Panamá (2019) e Lisboa (2023).
(Com Ecclesia)