Semana dos seminários arranca este domingo. Seminário de Angra desenvolve ações de pastoral vocacional
Os seminaristas do Seminário Episcopal de Angra vão fechar os livros por uma semana e dedicar-se à evangelização de outros jovens a partir do seu testemunho vocacional. Durante uma semana vão percorrer salas de catequese, aulas de Educação Moral e Religiosa Católica e celebrações para partilharem com os jovens da sua idade esta disponibilidade para servir Deus.
Aurélio sousa, aluno do 5º ano, vai até à ilha das Flores, onde foi colocado o último sacerdote ordenado, Pe. Nuno Fidalgo, que agora cumpre a sua primeira nomeação paroquial.
“Vamos visitar escolas, partilhamos testemunho vocacional nas celebrações eucarísticas e o nosso objetivo essencial é levar aos jovens a nossa alegria e fazermos com que eles , tal como nós, se sintam interpelados pelo Senhor”, diz o seminarista das Sete Cidades, na ilha de São Miguel.
“No fundo é despertá-los para o sentido da vida e da felicidade”, acrescenta como que em jeito de encorajamento a todos os jovens que vivem durante este ano uma interpelação diferente por parte da Igreja, sobretudo depois do Sínodo sobre a juventude, a igreja e a fé.
O testemunho destes jovens seminaristas faz-se não só junto dos mais novos, para combater “alguns mitos” mas também junto das próprias famílias que devem ajudar ao discernimento vocacional.
É a opinião de Fábio Carvalho, ordenado diácono no passado dia 1 de novembro.
“Acima de tudo levo a minha experiência de seis anos: levo o que é o Seminário, e o que é a vocação e o meu testemunho, combatendo a ideia de que vir para o Seminário é sair da sociedade”, afirma.
“Somos jovens iguais aos outros e é isso que temos de fazer sentir” esclarece.
As atividades letivas do Seminário serão interrompidas durante esta semana e os seminaristas, partem num apelo às vocações até às ouvidorias de Vila Franca, Capelas e Lagoa na ilha de São Miguel; Graciosa, Faial e Flores. Participam na catequese, organizam sessões de trabalho com os mais novos e participam na Eucaristia. O testemunho é a arma indispensável de qualquer cristão. E quando se é seminarista, esse testemunho ainda é mais importante.
“Estar ao lado dos jovens e predispostos para fazermos caminho com os jovens, dizendo-lhes que é possível ter Jesus na nossa vida e vivermos a nossa vida de jovens” conclui Aurélio Sousa.
A diocese organiza através dos vários serviços iniciativas de pré- seminário em diferentes ilhas e, assim, procura, apresentar a vocação como um projeto de felicidade concretizável das mais diversas formas, sendo as vocações consagradas umas das formas privilegiadas de concretizar um projeto duradouro de felicidade ao serviço de Deus e das comunidades cristãs.
Numa mensagem para esta semana o bispo de Angra exorta “os cristãos, as famílias, as comunidades cristãs, os grupos de jovens, a catequese, os alunos da Religião Moral Católica nas escolas, os movimentos, a valorizarem esta semana através da oração, pela reflexão, proporcionando um discernimento vocacional às crianças, adolescentes e jovens, e dando graças a Deus pelo dom do seminário”.
D.João Lavrador termina a mensagem com um apelo à “generosidade” das comunidades para se poder sustentar economicamente o Seminário Diocesano que já conta mais de século e meio de história sendo o responsável pela formação não só do clero mas de muitos dos açorianos mais ilustres.
Este ano, a semana é vivida de acordo com o novo documento da Congregação do Clero, que aponta para a missão fundamental destas instituições na formação de “discípulos missionários, enamorados do Mestre, pastores com o cheiro das ovelhas, que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus” refere D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios na mensagem para esta semana, a que o Igreja Açores teve acesso.
O bispo auxiliar do Porto, que já foi reitor do Seminário Maior diocesano da invicta, lembra o papel da família e da comunidade no despertar das vocações mas sublinha de forma especial o papel dos Seminários no acompanhamento e no amadurecimento dos jovens candidatos ao sacerdócio.
“A formação inicial feita no seminário é indispensável para o sacerdócio e representa um caminho belo e exigente de amadurecimento humano, preparação intelectual, aprofundamento espiritual e sobretudo de configuração com Cristo”, refere.
O prelado afirma mesmo na sua mensagem para esta semana que os seminários têm de ser capazes de formar “discípulos para a missão da Igreja de hoje”, uma missão que deve ser desenvolvida de forma “exemplar e dedicada”.
A Semana dos Seminários “é momento especial para olhar com mais atenção e cuidado para esta importante realidade da vida da Igreja” esclarece D. António Augusto Azevedo destacando “a gratidão” pelo “imenso e fecundo” trabalho desenvolvido pelos vários seminários de forma “discreta e efetiva”.
“Confrontada com os desafios colocados pela sociedade e a cultura de hoje, a missão da Igreja exige sacerdotes bem formados, chamados a ser “evangelizadores com espírito” e testemunhas da santidade de Deus”.
Finalmente a mensagem deixa ainda uma interpelação direta aos próprios seminaristas: “é ao próprio seminarista que cabe a atitude decisiva de se dispor a ser um verdadeiro discípulo, capaz de sair de si mesmo, e na docilidade ao Espírito, caminhar em Cristo, em direção ao Pai e aos outros”.
O Seminário Episcopal de Angra tem 22 alunos, quatro dos quais entraram este ano. Foi inaugurado no dia 9 de Novembro de 1862 no Convento de S. Francisco de Angra, passados 328 anos da fundação da Diocese.