Jovens e Papa Francisco assinam “pacto” por uma nova Economia

O Papa assinou hoje em Assis um pacto global com mil jovens de 120 países, incluindo Portugal, em favor de uma “Economia do Evangelho”, atenta aos mais pobres e à natureza.

O texto, divulgado no final do encontro ‘Economia de Francisco’ 2022, que se iniciou esta quinta-feira na cidade italiana, propõe “uma economia de paz e não de guerra, uma economia que cuida da criação”.

Os economistas, empresárias e empresários, agentes de mudança, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores defendem “uma economia ao serviço da pessoa”, sobretudo dos mais frágeis e vulneráveis, que não deixa “ninguém para trás”.

Na sequência do discurso do Papa, o pacto destaca a importância de “trabalho digno e seguro para todos, onde as finanças sejam “amigas e aliadas da economia real e do trabalho”.

O encontro desta manhã contou com o testemunho de oito jovens, representantes de cinco continentes, entre eles um recluso e uma refugiada afegã.

A iniciativa responde a uma convocatória lançada pelo próprio pontífice, em maio de 2019; após o adiamento do encontro presencial, por causa da pandemia.

A ‘Economia de Francisco’ acabou por transformar-se num movimento internacional de jovens, para repensar modelos económicos, financeiros e de desenvolvimento, com várias iniciativas online em volta de 12 “aldeias” sobre temáticas que vão do papel da mulher na economia à sustentabilidade e a crise ecológica.

Após a edição online que decorreu em 2020, unindo mais de 2 mil participantes de 120 países, os jovens assinaram uma carta-compromisso pelo direito ao trabalho digno, respeito pelos pobres, investimento na educação, apoio à sustentabilidade, igualdade de oportunidades e o fim de paraísos fiscais.

O percurso levou à criação de um movimento, com “hubs” nacionais, como a ‘Economia de Francisco Portugal’, que promoveu formações, lançou um podcast e uma equipa específica para os temas do combate à pobreza.

 

Pacto por uma nova Economia

Foto: Vatican Media

Nós, jovens, economistas, empreendedores, agentes de mudança, chamados aqui a Assis de todo o mundo, conscientes da responsabilidade que pesa sobre a nossa geração, comprometemo-nos agora, individualmente e todos juntos, a gastar as nossas vidas para que a economia de hoje e de amanhã se torne uma Economia do Evangelho.

Portanto:

uma economia de paz e não de guerra,

uma economia que cuida da criação e não a saqueia,

uma economia ao serviço da pessoa, da família e da vida, respeitosa de cada mulher, homem, criança, pessoa idosa e sobretudo dos mais frágeis e vulneráveis,

uma economia onde o cuidado substitui o desperdício e a indiferença,

uma economia que não deixa ninguém para trás, para construir uma sociedade em que as pedras descartadas pela mentalidade dominante se tornem pedras angulares,

uma economia que reconheça e proteja o trabalho digno e seguro para todos, especialmente para as mulheres,

uma economia onde as finanças sejam amigas e aliadas da economia real e do trabalho e não contra eles,

uma economia que saiba valorizar e preservar as culturas e tradições dos povos, todas as espécies vivas e os recursos naturais da Terra, que combata a pobreza em todas as suas formas, reduza as desigualdades e saiba dizer “Bem-aventurados os pobres”,

uma economia guiada pela ética da pessoa e aberta à transcendência,

uma economia que crie riqueza para todos, que gere alegria e não apenas bem-estar, porque a felicidade não partilhada é muito pouco.

Acreditamos nesta economia. Não é uma utopia, porque já a estamos a construir. E alguns de nós, em manhãs particularmente claras, já vislumbramos o início da terra prometida.

Assis, 24 de setembro de 2022

Economistas, empresárias e empresários, agentes de mudança, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores

(Com Ecclesia e Vatican News)

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