Iniciativa foi promovida pelo grupo fundador do projecto Horta Comunitária das Laranjeiras que contou com a colaboração do Serviço Diocesano à Juventude e Serviços Florestais, em Ponta Delgada
Jovens cristãos das ouvidorias de Ponta Delgada, Povoação e Ribeira Grande participaram esta manhã, juntamente com os amigos do projeto Horta Comunitária das Laranjeiras(HCL), numa ação de plantação de mata endémica nos espaços verdes do Centro Pastoral Pio XII, apoiada pelos Serviços Florestais de Ponta Delgada.
A iniciativa nasceu de um convite informal ao Serviço Diocesano à Juventude, de um grupo de voluntários que protocolou com a Diocese de Angra a cedência de utilização de um terreno de cerca de 2 mil m2 junto ao Centro Pastoral Pio XII para cultivo de uma horta comunitária para autoconsumo e, em contrapartida este grupo de voluntários comprometer-se-ia a tratar da manutenção dos espaços verdes. Para acrescentar valor aos espaços envolventes, agora relvados, o projecto HCL decidiu plantar árvores próprias das matas açorianas como incensos, urze, sanguinho, ginja do mato, faias e azevinho e assim contribuir para a regeneração deste solo.
“A ideia é que os jovens possam contactar com a terra e a natureza e possam ter um olhar diferente sobre esta casa comum e tudo o que é essencial à própria vida. No fundo, estamos a concretizar esta ideia que o Papa nos lança de valorizar a terra como uma mãe, geradora de vida e neste contacto com a Terra podermos redescobrir o que o mundo tem de belo, toda esta energia e toda esta natureza”, afirmou o padre João da Ponte, assistente do Serviço Diocesano à Juventude, ao Igreja Açores.
“Nós enquanto jovens temos de participar ativamente na comunidade e fora das nossas tarefas habituais o desafio ainda é maior. Somos todos os dias incentivados pelo Papa a tratarmos e cuidarmos da casa comum; para o fazermos temos de conhecer quem habita nessa casa e, neste caso, através de uma ação de florestação, podemos conhecer outras pessoas e estabelecer ligação com elas”, afirma por seu lado João Aguiar de Ponta Delgada, um dos jovens que participa na iniciativa.
“Atualmente não tenho ligação mas quando era pequeno gostava de mexer na terra e agora através desta iniciativa posso alargar as minhas relações, isto é, participar em novas comunidades”, acrescentou.
“É através de laços que crescemos e nos desenvolvemos cuidando uns dos outros” concretiza ainda mais.
“Aqui o que estamos a promover é a vida e nós precisamos de comer. Este espírito comunitário, saber de onde vêm os alimentos, e o que nos dá mais saúde é uma forma de garantirmos melhor vida” adiantou, por seu lado, Paula Costa, membro fundadora do projeto da HCL.
Além do cultivo da terra, o projeto visa estabelecer laços pessoais de forma a que as pessoas possam “fazer comunidade e sentirem-se membros de uma comunidade a partir da ligação à terra” esclarece ainda Paula Costa, que neste momento é uma das guardiãs do projeto que se inspira nos modelos sociocráticos em que os cidadãos são chamados a participar ativamente na definição do presente e do futuro comum.
Esta iniciativa da HCL será, essencialmente, um projeto para auto consumo mas que pode ter uma valência social, pois o excedente da produção poderá ser canalizado para instituições.
“Queremos muito fazer a ponte com o Bairro das Laranjeiras e por isso procuramos interlocutores porque o projeto tem subjacente sobretudo esta necessidade de fazer comunidade e da comunidade se sentir responsável pelo espaço que a envolve” adiantou ainda Paula Costa.
A partir de agora os membros deste grupo, num total de 13 pessoas, comprometem-se todos os sábados a trabalhar a terra. Há ainda um grupo mais alargado de “amigos” que pode pontualmente também deslocar-se ao Centro Pastoral Pio XII para ajudar nas sementeiras e depois no seu acompanhamento. A primeira será na primavera, mas neste momento os trabalhos de preparação do solo já se iniciaram.