Filme retrata investigação jornalística sobre casos de abusos sexuais em diocese norte-americana
O jornal do Vaticano destaca na sua edição de hoje a obra norte-americana ‘Spotlight’, vencedora do Óscar de melhor filme na noite de domingo, e afirma que o mesmo “não é anticatólico”.
‘O caso Spotlight’, do realizador Tom McCarthy, ganhou também o Óscar de melhor argumento original, e relata a investigação jornalística do ‘Boston Globe’ que em 2002 revelou os abusos sexuais de menores na Igreja Católica na Diocese de Boston, Estados Unidos da América.
“Não é um filme anticatólico porque consegue dar voz ao desespero e à profunda dor dos fiéis perante a descoberta destas realidades horríveis”, refere o ‘Osservatore Romano’, na página dedicada à cerimónia deste domingo.
No discurso em que agradeceu a distinção, McCarthy disse que o filme “deu voz” aos sobreviventes daqueles abusos.
Segundo o jornal do Vaticano, o filme não visa o catolicismo, apesar das “inevitáveis” generalizações”, e tem a “coragem de denunciar casos que têm de ser condenados sem qualquer hesitação”.
O artigo elogia a documentação “substancialmente séria e credível” que dá vida a um trabalho considerado “muito pouco hollywoodesco”.
“Em demasiadas ocasiões, a instituição eclesiástica não soube reagir com a necessária determinação perante estes crimes”, refere o jornal do Vaticano, que elogia, por outro lado, a ação do então cardeal Joseph Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI, na gestão destes casos.
Para o jornal do Vaticano, o facto de se ter ouvido um apelo ao Papa Francisco para que combata estes casos mostra que “ainda há confiança na instituição, há confiança num Papa que continua a limpeza iniciada pelo seu predecessor”.
“Ainda há confiança numa fé que tem no seu coração a defesa das vítimas, a proteção dos inocentes”, acrescenta o artigo.