Por Renato Moura
Por iniciativa da Igreja da Ouvidoria das Flores e com organização da Cáritas da Ilha, realizaram-se, a 24 e 25 de Março, as I Jornadas de Pastoral Social.
Intervieram oradores vindos do exterior e outros residentes, que abordaram temas abrangentes como o voluntariado, acção social – no humano e no cristão (a questão da aplicabilidade na vida concreta), acção social à luz da Sagrada Escritura e da doutrina social da Igreja. Conheceu-se também um plano concreto de resposta à pobreza. Do programa constava ainda um período destinado à partilha sobre o contributo social e preocupações das instituições e associações da ilha das Flores.
O evento foi programado para este período da quaresma, especialmente propício para que as pessoas possam avaliar os seus percursos de vida pessoal e em comunidade, e reflectir sobre a forma como podem aperfeiçoar os seus próprios rumos e melhorar a participação que a cada qual incumbe na vida social.
Numa ilha onde não abundam os acontecimentos que possam trazer algum enriquecimento cultural, a oportunidade de debate sério sobre temas importantes e neste tempo ainda agreste, até mera ocasião de convívio entre as pessoas, seria de esperar uma muito maior adesão e participação.
Embora alguns considerem que nas Flores não existirão muitas situações daquelas que habitualmente se designam de extrema pobreza, obviamente ninguém deverá desconhecer os sinais de alerta e ficar indiferente perante as desigualdades e o agravamento das injustiças sociais, tenham elas origem no desemprego, na precarização ou indignidade do trabalho, na desigualdade entre ricos e pobres, na ganância, na submissão imposta pelos poderosos ou na corrupção. E também quando causadas pela doença, pela incapacidade, pelo abandono, pela prisão a que levaram as dependências, pela violência, pela prostituição e outras causas.
Das necessidades de acção social deveriam estar conhecedores e depois envolvidos, de forma articulada, para promover as soluções, dirigentes políticos, agentes de entidades públicas, corpos sociais e trabalhadores das instituições de solidariedade social, estruturas eclesiais e também todos os membros da comunidade, designadamente os cristãos porque têm especiais deveres.
Já há muito os mais conscientes perceberam que o tecido social florentino está apático e a esvair-se. As ausências, dos que mais dever tinham para estar, confirmam-no. O pior de tudo é mais uma vez perceber-se que, mesmo os pagos para exercer responsabilidades, só apreciam palcos e desejam sinecuras.
Renato Moura