Organização da primeira edição da JMC que termina hoje, em Roma, foi confiada ao Dicastério para a Cultura e a Educação. Papa evoca crianças vítimas da guerra
O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, desejou hoje, no Estádio Olímpico de Roma (Itália), que a primeira Jornada Mundial das Crianças (JMC) seja “capaz de iluminar o mundo com esperança”.
“’Eis que faço novas todas as coisas’ (Ap 21,5). Este é o lema bíblico escolhido pelo Papa Francisco para ilustrar a primeira Jornada Mundial das Crianças, que está a começar, e que desejamos vivamente que se torne uma festa de paz, uma grande celebração de fraternidade, capaz de iluminar o mundo com esperança”, manifestou o cardeal português, prefeito do órgão da Santa Sé a quem o Papa confiou a tarefa de organizar a primeira JMC, que se iniciou hoje.
O membro da Cúria Romana, que interveio no início do encontro, agradeceu “a todos por terem acolhido o apelo do Santo Padre e por construírem juntos um “belo sonho universal, ao qual ninguém deve ficar indiferente”.
“Perante um acontecimento como este, podemos interrogar-nos: porquê uma Jornada Mundial da Crianças? E depois: vale mesmo a pena reunir uma assembleia desta natureza e desta dimensão? E a resposta decisiva é sim”, defendeu.
O cardeal português prosseguiu, dando o conta de vários motivos para a realização da JMC: todos precisam de ouvir “os mais pequenos” que recordam constantemente das verdades aparentemente esquecidas, “as crianças têm uma sabedoria prática que pode inovar”, ajudando adultos “a ultrapassar os bloqueios do presente” e “os mais pequenos podem ser mestres precisamente das artes universais de que o mundo atual precisa urgentemente”.
“Por exemplo, a arte da amizade, do abraço, do perdão, da convivência fraterna, da alegria simples, da aceitação das diferenças como um bem e não como uma ameaça, da fé vivida de forma vibrante e natural. De todas estas artes indispensáveis sois mestres, e todos temos algo a aprender convosco!”
D. José Tolentino de Mendonça assinalou que o mundo não vive um momento fácil e “o pensamento de futuro parece atravessado por tantas incertezas”, no entanto “os mais jovens ensinam o dever e as razões da esperança”.
“Deste grande auditório que representa o mundo inteiro, esperamos, portanto, o impulso para escutar a promessa ‘Eis que faço novas todas as coisas’ e para acreditar não só que é possível, mas que já está a realizar-se diante dos nossos olhos. Por favor, acendam com o vosso sorriso um largo sorriso no rosto do nosso tempo”, apelou.
O Estádio Olímpico de Roma acolhe este fim de semana a I Jornada Mundial das Crianças, um encontro de música, desporto, reflexão e espiritualidade, que recebeu participantes de 101 nacionalidades.
O Papa Francisco marcou presença na inciativa, respondeu a perguntas das crianças e assistiu a um jogo entre as crianças e futebolistas internacionais, além dos diversos momentos musicais.
Francisco evocou todos os menores que sofrem pela guerra.
“São realidades que trago no coração e também eu rezo por elas. Rezemos pelas crianças que não podem ir à escola, que sofrem a guerra, crianças que não têm o que comer, crianças que estão doentes e ninguém cuida delas”, pediu.
“Em vós, crianças, tudo fala de vida e futuro. E a Igreja, que é mãe, acolhe-vos e acompanha-vos com ternura e esperança. No dia 7 de novembro passado, tive a alegria de acolher no Vaticano vários milhares de crianças de diversas partes do mundo. Naquele dia, trouxestes uma onda de alegria, e destes-me a conhecer as perguntas que vos pondes sobre o futuro”, começou por dizer o Papa, perante cerca de 50 mil crianças de todo o mundo.
Segundo Francisco, aquele encontro ficou no seu coração e por isso rezou e compreendeu que aquele diálogo “devia continuar e alargar-se a muitas outras crianças e adolescentes”.
“E é por isso que estamos aqui hoje: para continuar a dialogar, a interrogar-nos e, juntos, procurar as respostas”, indicou.
Depois da intervenção inicial, o Papa respondeu a questões de várias crianças, começando por um menino da Colômbia, que questionou Francisco sobre se a “paz é sempre possível?”.
“O que é que vocês pensam? A paz é sempre possível ou não?”, questionou Francisco.
Depois da resposta “sim” ecoar no estádio, Francisco perguntou a uma das crianças o que faria se tivesse um problema com outro menino.
“Perdoar e pedir desculpa”, respondeu.
“O que podemos fazer nós crianças para tornar o mundo melhor?”, perguntou uma menina de 9 anos, do Burundi.
“O que eu posso fazer para que o mundo seja melhor? Brigar? Falar amavelmente? Brincar juntos? Ajudar os outros?”, questionou Francisco, que sublinhou que fazendo todas estas ações “o mundo será melhor”.
Confrontado com a questão “Como podemos fazer para amar todos, todos, todos?”, o Papa assumiu que esta era um pergunta difícil.
“Não é fácil, nós devemos começar pouco a pouco, amar aqueles mais próximos, amar aqueles que estão próximos a nós, e assim ir avante”, referiu.
A Jornada Mundial das Crianças conclui-se hoje na Praça de São Pedro, com a Missa dominical presidida pelo Papa Francisco e um monólogo do ator e realizador italiano Roberto Benigni, após a recitação do ‘Regina Coeli’.
(Com Ecclesia e Vatican News)