Angelo Roncalli, que liderou a Igreja Católica entre 1958 e 1963, é canonizado este domingo.
A biografia oficial de João XXIII, que é canonizado este domingo no Vaticano, destaca a coragem e a bondade do Papa que liderou a Igreja Católica entre 1958 e 1963.
“No seu quinquénio papal, apareceu ao mundo como a imagem verdadeira do bom pastor: manso e suave, empreendedor e corajoso, simples e ativo, cumpre os gestos cristãos das obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os presos e os doentes, acolhendo homens de todas as nações e todas as fés, exercitando para com todos um apurado sentido de paternidade”, refere o texto preparado para a cerimónia de canonização do Papa italiano, que se vai celebrar na Praça de São Pedro.
O documento recorda que o novo santo era chamado “o Papa da bondade” e que a sua vida se apoiou num “profundo sentido de oração”.
“Transparecia dele, iniciador de uma renovação da Igreja, a paz de quem confia sempre no Senhor”, acrescenta a nota biográfica.
O documento fala num magistério “muito apreciado”, sobretudo com as Encíclicas Pacem in terris e Mater et magistra, para além de recorda a ação de “evangelização, de ecumenismo e de diálogo com todos”.
Angelo Giuseppe Ronacalli nasceu no dia 25 de novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi batizado; foi o quarto de 13 irmãos, nascidos no seio de uma família de camponeses.
Entrou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia, e ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no ‘Diário da alma’.
De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da Diocese de Bérgamo, e prestou um ano de serviço militar, sendo ordenado padre a 10 de agosto de 1904, na capital italiana.
Em 1915, durante a I Guerra Mundial, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate.
Após a guerra abriu a “Casa do estudante” e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes, antes de ser chamado a Roma, em 1921, por Bento XV, que o nomeou presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé.
Em 1925, Pio XI nomeou-o visitador apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal, o que representou o início da carreira diplomática ao serviço da Santa Sé, passando depois pela Turquia e Grécia (nomeado em 1935), onde se encontrava quando começou a II Guerra Mundial.
Neste período salvou muitos judeus com a “permissão de trânsito” fornecida pela Delegação Apostólica.
“Escolheu como lema episcopal ‘Obedientia et pax’ [obediência e paz], programa que o acompanhou sempre”, destaca o Vaticano.
A biografia recorda que João XXIII “sofreu em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela pastoral dos pequenos passos”, na relação com as comunidades cristãs, fiéis de outras religiões e toda a sociedade.
Em 1944, o Papa Pio XII nomeou-o núncio apostólico em Paris e em 1953 foi criado cardeal, sendo enviado para Veneza como patriarca.
Depois da morte de Pio XII, foi eleito Papa a 28 de outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII.
O novo santo faleceu a 3 de junho de 1963 e foi beatificado em setembro de 2000, por João Paulo II, que será canonizado com ele.