O Papa Francisco considera que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), cuja próxima edição internacional vai acontecer em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, constitui uma “experiência inesquecível”.
“Ainda trago nos olhos e no coração a imensa multidão de jovens que me acolheu em julho, há dez anos, no Rio de Janeiro”, escreve, no prefácio da obra ‘Um Longo Caminho até Lisboa – Jornadas Mundiais da Juventude’, da jornalista portuguesa Aura Miguel, que chega às livrarias na quinta-feira.
Francisco recorda que, tal como Bento XVI, a sua primeira viagem internacional ocorreu por ocasião de uma Jornada Mundial da Juventude, no seu caso a do Rio de Janeiro, em 2013.
“As JMJ foram e continuam a ser momentos fortes para a experiência de tantos adolescentes, de tantos jovens, e a inspiração inicial que moveu o nosso amado Papa Wojtyla não perdeu a força. Aliás, a mudança de época que, mais ou menos conscientemente, estamos a viver representa um desafio também e sobretudo para as jovens gerações”, assinala.
O Papa aponta aos desafios do mundo digital, que podem deixar as novas gerações “reféns de um mercado agressivo que induz falsas necessidades”.
“A juventude é sonho, é abertura à realidade, é descoberta do que verdadeiramente vale na vida, é luta para o conquistar, é abrir-se a relações intensas e verdadeiras, é compromisso com os outros e pelos outros”.
Francisco recorda o impacto da pandemia da Covid-19 e a guerra contra a “martirizada Ucrânia, uma guerra sangrenta no coração da Europa cristã”, num mundo que parece caminhar para a “autodestruição”.
O texto alude ainda à crise dos refugiados e às mortes de migrantes no Mediterrâneo, para deixar questões aos mais novos.
“Como é que tudo isto interroga os jovens? A que são chamados, com as suas energias, as suas visões do futuro, o seu entusiasmo? São chamados a dizer ‘We care’, interessa-nos, o que acontece no mundo é -nos caro”, sustenta.
“É-nos querido o destino de milhões de pessoas, de tantas crianças, que não têm água, comida, cuidados médicos, enquanto os governantes parecem competir para ver quem gasta mais em armas sofisticadíssimas. Interessa-nos e é-nos querido quem sofre no silêncio das nossas cidades e precisa de ser acolhido e escutado. Interessa-nos e é -nos querido o destino do planeta em que vivemos e que somos chamados a preservar, para o entregar a quem virá depois de nós”.
Francisco apresenta a JMJ como um “antídoto” contra o desinteresse, falando num “acontecimento de graça que desperta, alarga o horizonte, potencia as aspirações do coração, ajuda a sonhar, a ver mais além”.
“Precisamos hoje de jovens despertos, desejosos de responder ao sonho de Deus, que se interessem pelos outros. Jovens que descubram a alegria e a beleza de uma vida gasta por Cristo no serviço aos outros, aos mais pobres, aos que sofrem”, aponta.
São João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica aos jovens do mundo (31 de março de 1985) e depois anunciou a instituição da Jornada Mundial da Juventude (20 de dezembro de 1985).
Este é um acontecimento religioso e cultural que reúne jovens de todo o mundo durante uma semana.
Cada JMJ realiza-se, anualmente, a nível diocesano (inicialmente no Domingo de Ramos e atualmente na solenidade litúrgica de Cristo-Rei), alternando com um encontro internacional a cada dois ou três anos, numa grande cidade; até hoje houve 36 JMJ, com 14 edições internacionais, em quatro continentes, e sete dessas edições decorreram na Europa.
De Santiago de Compostela à Cidade do Panamá, de 1989 a 2019, o novo livro de Aura Miguel faz um “relato sobre as 13 Jornadas Mundiais da Juventude a que assistiu de perto, sempre próxima dos Papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco”, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
O Papa deixa votos de que os leitores “descubram ou redescubram a beleza e a riqueza da experiência das Jornadas Mundiais da Juventude e que vivam, com alegria e gratidão ao Senhor, a Jornada de 2023, que se realizará em Lisboa”.
(Com Ecclesia)