Jesus “não é só para nós, é para dar, partilhar com os irmãos para que não fiquem eternamente na manjedoura da pobreza”

Bispo de Angra presidiu à missa da noite de Natal na Sé e pede a cada diocesano que se “ponha em movimento” por uma sociedade melhor

Foto: Igreja Açores/Arquivo

 

O bispo de Angra desafiou esta noite os diocesanos a colocarem-se em movimento e a levar a boa nova do nascimento de Jesus ao mundo para que ninguém fique na pobreza.

“Neste Natal, difícil para tantos pela ausência de paz, temos de nos pôr em movimento, como os pastores que se puseram a caminho da gruta de Belém. E este é um movimento que deve dizer respeito a toda a sociedade, porque só nos salvamos juntos”, afirmou o prelado que preside pelo segundo ano consecutivo na Sé à missa que celebra o nascimento de Jesus.

“Se nos movermos juntos, podemos encontrar o caminho da esperança e da alegria, a saída da dor e do sofrimento para voltar a sonhar um mundo fraterno. Gostaria de repetir a quantos parecem ter desistido de Deus, que Deus não desiste de ninguém” prosseguiu o prelado.

No Natal “não celebramos uma recordação, mas uma profecia” enfatizou o bispo de Angra.

“Com Ele a história recomeça a partir das margens da pequenez, uma pequenez onde está todo o sofrimento humano, mas também todos os seus sonhos. Se o permitirmos, Deus desce até cá abaixo para encontrar e tocar a todos, todos, todos com o seu amor sem limites, apagando o desespero e ajudando a recomeçar”, salientou D. Armando Esteves Domingues.

“Ele só sabe amar, procurar e alimentar os sonhos” afirmou salientando que a cada um de nós “é oferecido um sonho de palavras que é o Evangelho” disse ainda, recordando o exemplo de Maria.

“Gosto de imaginar Maria sempre grávida, sempre pronta a dar-nos Jesus. E vejo-a na Igreja, também grávida de Jesus, esta Igreja que somos todos nós, quando decididos a dar à luz o mesmo Jesus que carregamos pela fé. Ele não é só para nós, é para dar, partilhar com os irmãos para que não fiquem eternamente na manjedoura da pobreza, mas encontrem o aconchego de uma casa e família; para que não estabeleçam morada na tristeza e na derrota, mas sonhem e recuperem a esperança num amanhã que seja caminho feliz até à eternidade” afirmou D. Armando Esteves Domingues.

“Que, neste Natal de 2025, cada um de vós tropece numa estrela como os pastores e os reis magos para poder contemplar com o olhar estasiado e nariz arrebitado de uma criança as maravilhas de Deus, manifestadas na humanidade por Ele assumida. Que cada um sonhe um futuro de esperança construído com o encanto e ternura de Jesus, sem desperdiçar nada da vida que Deus lhe deu, nem poupar o potencial de amor que reina no seu ser mais profundo”, disse o prelado.

“Os nossos anjos não têm asas e partilham connosco pão e amor na mesma mesa; vivem na nossa casa como anunciadores do infinito: anjos que, na sua voz, têm a semente da palavra de Deus que gera esperança”, disse ainda.

D. Armando Esteves Domingues aproveitou o momento para se dirigir também aos fieis jorgenses junto dos quais esteve durante 10 dias, na primeira visita pastoral à ilha, durante o Advento.

“Sinto o coração cheio pelas pessoas que conheci, saudei e abracei pessoalmente. Senti o privilégio de ser bispo e poder alimentar tantos relacionamentos pessoais, poder destravar sorrisos guardados em rostos fechados pelo sofrimento, a idade, a doença, a sensação de impotência e até abandono longe dos seus com quem quereriam estar. Quantos sorrisos e lágrimas misturados! A muitos pude repetir: “tem um sorriso muito bonito, não o pode esconder”! Por todos eles quero apresentar ao Senhor uma prece para que não lhes falte o carinho e a paz que teve Jesus por parte de Maria e José”, concluiu.

“Neste Natal está no ar um sonho que se chama esperança. Agarremo-lo porque a Deus nada é impossível” frisou o bispo de Angra, que completará dois anos à frente da diocese no próximo dia 15 de janeiro. Este ano gravou a mensagem de Natal que será transmitida amanhã, na RTP Açores, depois do telejornal no Estabelecimento Prisional de Angra , pedindo aos reclusos que nunca desistam de sonhar.

No momento em que a Igreja inaugura o Ano Santo, designado da esperança pelo Papa Francisco, que esta terça-feira abriu a primeira de cinco portas santas- as quatro basílicas papais em Roma e a prisão de Rebibbia, também em Roma- em São Pedro, D. Armando Esteves Domingues convoca todos os diocesanos para este Jubileu. Esta quarta-feira, dia de Natal, o bispo de Angra voltará a presidir às 11h00, na Sé.

Scroll to Top