D. Armando Domingues disse esta tarde que quer “descobrir as nove ilhas”, “colocar a agenda dos jovens na sua agenda” e “ouvir os leigos”, em declarações aos jornalistas proferidas num breve encontro que precedeu as celebrações religiosas na Sé.
“Tenho lido muito sobre os Açores como nunca li na vida, sinto grande tranquilidade e confiança, o património de todas as ilhas dos Açores, património histórico, cultural, natural e humano, e também eclesiástico, recursos humanos e colaboradores, durante quase 500 anos fizeram uma bela igreja, resta-me ser fiel e seguir os passos desta história que a Igreja de Angra tem”, afirmou D. Armando Esteves Domingues.
O novo bispo chega com “as expectativas de quem chega pela primeira vez a um lugar”, que quer “descobrir melhor” e sente o “desafio fantástico” de “compreender que a geografia é tão importante como a história”.
“Irei fazer de tudo para conhecer e amar o que é a especificidade de cada ilha, tenho este privilégio de descobrir nove parcelas diferentes, mas com todas a caminhar”.
No ano da Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Lisboa no próximo mês de agosto, D. Armando Domingues assume que quer “colocar a agenda dos jovens na sua agenda”.
“Gostaria de dar o meu contributo para que toda a juventude açoriana sentisse a importância deste primeiro grande ajuntamento de todo o mundo após o início da Covid 19, trazer o mundo a nossa casa, muitos virão para as ilhas, e vou colocar na minha agenda de bispo a agenda dos jovens, vou-lhes fazer esse pedido que me deixem participar de alguma forma, não a ensinar mas caminhar com eles”, explica.
O novo bispo de Angra, Armando Esteves Domingues, comprometeu-se também a implementar mudanças na diocese, ouvindo as pessoas, e a respeitar as especificidades das nove ilhas dos Açores.
“Não irei decidir sozinho. Pedirei a ajuda do Espírito Santo, mas também pedirei a ajuda das pessoas, também dos leigos”, afirmou destacando que sonha com uma igreja “aberta e acolhedora”.
A religiosidade popular nos Açores será “um dos grandes desafios” da Diocese de Angra, segundo D. Armando Esteves Domingues, que manifestou vontade de conhecer melhor manifestações como as festas do Espírito Santo.
“Vejo distribuir pão, vejo distribuir amor, criar laços, fazer festa. Jesus o que fazia era isto. Para onde ia seguiam-no, mas porquê? Só pelas palavras? Porque havia festa, havia alegria. Essa espontaneidade na vida e na expressão da fé é um valor que eu gostarei muito de conhecer melhor e de aprofundar”, apontou.
Questionado, ainda sobre o futuro do Seminário Episcopal de Angra, que este ano regista o menor número de alunos dos últimos tempos, 10, sem novas entradas há dois anos, o prelado lembrou que tão importante quanto os números é ser capaz de pensar as vocações em geral.
“Vivemos numa outra época. Temos de olhar também para a Igreja capaz de viver e de evangelizar neste mundo pós-moderno, onde não é fácil falar de Jesus Cristo, mas onde Ele é se calhar até mais importante”, salientou, acrescentando que “onde houver vocações vivas nascerão nas comunidades”.
O novo bispo de Angra tomou posse no sábado, perante o Colégio de Consultores, sendo apresentado hoje numa celebração religiosa na Sé de Angra, em que participaram 17 bispos, incluindo o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e o presidente da conferência episcopal portuguesa, José Ornelas Carvalho.
Questionado sobre a ampla participação de bispos na cerimónia, D. Armando Esteves Domingues manifestou-se agradecido pela “força” que disse o ajudar a ir em frente.
“Para mim é uma surpresa. Comove-me. […] Hoje ser bispo não é fácil, é ser o primeiro a assumir as fraquezas próprias e as da Igreja”, admitiu.
Natural de Oleiros, distrito de Castelo Branco, Armando Esteves Domingues, de 65 anos, é o 40.º bispo de Angra e sucede a João Lavrador, que tomou posse como bispo de Viana do Castelo, em setembro de 2021.
Ordenado padre em 1982 e bispo em 2018, Armando Esteves Domingues era bispo auxiliar da Diocese do Porto.
Na Conferência Episcopal Portuguesa, D. Armando Esteves Domingues preside à Comissão Missão e Nova Evangelização.