Por Renato Moura
Qualquer humano, aqui ou ali, toma iniciativas ou assume atitudes pessoais, quer em privado, quer em público, que não são tolerantes e ou nem congruentes. Mas quando as tomadas de posição são de responsáveis institucionais, não só a repercussão é muito maior, como provocam consequências de relevo, sendo que os actos virtuosos nem sempre incentivam posturas frutuosas, mas os maus exemplos arrastam sempre para o mal.
Incongruente ou não, mas na realidade parte importante da sociedade especializou-se a sempre espiolhar erros ou más intenções, até nas atitudes habitualmente reconhecidas como virtuosas!
Talvez algumas perguntas nos pudessem auxiliar a reflectir, a retirar conclusões e a lutar para corrigir.
Onde está a razão das críticas pelo facto de o Governo ter dado um dia de tolerância de ponto, durante a peregrinação a Fátima do Papa e fiéis, numa Europa onde as grandes tradições são associadas a um culto cristão e num Portugal onde as grandes festas são do calendário católico?
Que fundamento justificará a surpresa de governantes de um país de absoluta maioria católica, que apesar de não serem eles próprios católicos, receberem com dignidade o Papa e estarem respeitosamente presentes em cerimónias religiosas?
E não será maior o espanto de verificar que há responsáveis políticos que legislaram (ou quando voltarem a legislar), em matérias de ruptura, sem terem em conta os princípios cristãos da esmagadora maioria do seu povo?
Sendo os governantes políticos e defensores de ideologias partidárias, que não são obrigados a sequer suspender quando estão no Governo, como se pode pretender que eles não sejam sócios de um clube, simpatizantes ou sequer espectadores de um jogo, ainda que nos camarotes a convite de dirigentes? Não será que uma coisa é exigir que sejam honestos nas decisões governativas, mas outra é a tentação de roubar-lhes a liberdade de aplaudir?
Será aceitável que alguns dirigentes desportivos incendeiem a opinião pública com críticas constantes às instituições desportivas e seus agentes, alimentem ódios e instiguem guerras, sem terem consciência do peso destruidor das suas declarações e atitudes, seja nos desportistas, nos associados, nos adeptos, nas claques e sobretudo nos jovens?
E encontrar-se-ão frequentemente atitudes – nos responsáveis políticos ou institucionais, nos cristãos e cidadãos que admiram Francisco – semelhantes às de um Papa que afirma haver “sempre portas que não estão fechadas, estão pelo menos entreabertas” e “a paz é artesanal e faz-se todos os dias”?
Renato Moura